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Pelotões de fronteira são os braços mais distantes do Exército na Amazônia

Agência Senado
Autor: Davi Emerich
02 de Jun de 2006

Os pelotões especiais de fronteira são uma espécie de vanguarda avançada do Comando Militar da Amazônia (CMA). Compostos em média por 50 soldados e oficiais, e obedecendo a padrões arquitetônicos assemelhados, eles se distribuem em pontos estratégicos de fronteira, quase sempre localizados à beira dos grandes rios amazônicos, únicos meios de locomoção em superfície. Nenhum deles é acessível por estradas.

Isolados, os grupamentos dos pelotões estão preparados para experimentar as mais variadas adversidades. Eles são responsáveis, por exemplo, pela fiscalização de embarcações e, conseqüentemente, pelo controle do tráfico de drogas, da exploração ilegal de madeiras ou de outros recursos naturais, como animais silvestres. A principal tarefa dos pelotões, entretanto, é fiscalizar permanentemente a fronteira, checando marcos e acompanhando movimentos de caráter suspeito.

Integrado ainda por profissionais como médicos e dentistas, entre outros, os pelotões acabam por servir de pólos catalizadores de povoamentos e processos de desenvolvimento. Em torno deles, é comum perceber o florescimento de pequenas vilas e, em vários lugares, como é o caso de Maturacá e Estirão do Equador, este no vale do Javari, na divisa com o Peru, já se incorporaram ao cotidiano dos povos indígenas.

- Mais de 90 % do atendimento de saúde feito nos pelotões do Exército sob o nosso comando contempla a comunidade, com destaque para os povos indígenas - afirma o general Antônio Hamilton Martins Mourão, comandante da 2ª Brigada de Infantaria da Selva, sediada no município de São Gabriel da Cachoeira, no alto Rio Negro. Um detalhe interessante: a Brigada de Infantaria da Selva foi deslocada de Niterói e recebe o nome de Araribóia, em homenagem ao herói indígena que inscreveu o seu nome na história do Rio de Janeiro.

Nos postos, é possível observar ao mesmo tempo as dificuldades e o isolamento quando o assunto é integração das instituições do Estado brasileiro. Rodeado por mais de mil índios, Maturacá teve a geração de energia elétrica drasticamente reduzida porque não tem R$ 25 mil para consertar o gerador da unidade. Ao mesmo tempo, o pavilhão construído para abrigar terceiros (representantes da Polícia Federal, Ibama e outras instituições públicas) encontra-se fechado e nunca foi utilizado por ninguém. Só o Exército e representantes das duas outras Armas se fazem presentes no local.

No 4o Pelotão Especial de Fronteira, em Estirão do Equador, no Javari e a trinta minutos de vôo de Tabatinga, onde o Rio Solimões internaliza-se no Brasil, a situação de dificuldades não é muito diferente. Uma constatação curiosa: ali, búfalos são treinados para operações de selva, uma experiência considerada pelo Comando Militar da Amazônia como iniciativa vitoriosa. Nas florestas impenetráveis, cabe ao búfalo a função principal de transportar a carga pesada.
Atualmente, o CMA conta sob o seu comando com 25 pelotões, que cuidam de 11 mil quilômetros de fronteira. Dois outros estão planejados - um deles ficará nas imediações de Barcelos, Amazônia -, mas não foram implantados por falta de recursos.

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