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Pedágio mobiliza Forças Armadas

Correio do Estado-Campo Grande-MS
Autor: Otávio Neto
26 de Abr de 2002

O Exército, que mantém um destacamento próximo da reserva indígena, colocou o efetivo de prontidão na área para garantir a segurança no rio

A decisão dos índios guatós de cobrar pedágio das embarcações de pesca que atuam no Pantanal mobilizou ontem as Forças Armadas. O Exército, que mantém um destacamento em Porto Índio, na baía de Uberaba - próximo da reserva indígena -, colocou o efetivo de prontidão na área para garantir a segurança de quem navega pela região. Homens da Marinha também se deslocaram ontem para a região do conflito com o objetivo de garantir a navegabilidade da Hidrovia Paraguai-Paraná.

Os 15 militares lotados no destacamento do Exército brasileiro em Porto Índio são responsáveis por garantir a segurança do Brasil na fronteira com a Bolívia. A área militar é estratégica e, mesmo estando localizada próxima do problema, o Exército não deve interferir nem fazer o papel de negociador entre índios e empresários, já que isso é papel da Funai. O posto serve ainda de apoio para os índios guatós que precisam de atendimento médico ou enfrentam algum tipo de emergência na reserva. No entanto, o Exército informou que os militares do destacamento estão prontos para agir caso o conflito se agrave.

Já a Marinha, responsável pela manutenção da segurança da navegação, enviou para a área uma embarcação de patrulha. O contra-almirante Luis Umberto de Mendonça disse que a Marinha tem acompanhado o problema atuando nos limites da sua competência, que são o da segurança da navegação e do transporte aquaviário. Além disso, ele disse que as disposições legais não permitem que a Marinha atue como polícia.

De acordo com o capitão dos Portos, a Capitania Fluvial do Pantanal deve agir na questão entre índios e empresários. Hermam Iberê disse que existe um acordo internacional que permite a liberdade de navegação em águas internacionais, independentemente se as embarcações são de pesca ou não. O capitão disse que não vai permitir, por exemplo, que a navegabilidade na hidrovia seja ameaçada pela ação dos índios que querem cobrar pedágio dos barcos que passarem pela reserva

Polícia Federal

O delegado da Polícia Federal de Corumbá, Arthur Ferreira da Silva, disse que vai disponibilizar agentes federais, mas eles só devem agir se a Funai solicitar.

A presidente da Associação dos Empresários Regionais de Turismo, Julinda Hipólito, preferiu não comentar o assunto, mas se sabe que ela negociou com o cacique Severo uma tarifa para que suas embarcações pudessem ter passagem livre na reserva. Agora, os empresários terão de convencer os índios de que a cobrança é irregular e que eles não vão continuar pagando a taxa do pedágio.

Temor

Algumas empresas, para evitar o confronto com os índios, decidiram mudar a rota de pesca e não estão mais subindo até a região da Ilha de Ínsua onde vivem os guatós. Os empresários do setor pesqueiro de Corumbá temem que a situação possa prejudicar a imagem do setor.

O problema com os guatós começou em fevereiro, quando o cacique Severo Ferreira anunciou que iria iniciar a cobrança do pedágio na área da reserva indígena. Julinda disse ainda que chegou a oferecer cestas básicas e ajuda aos índios, mas o cacique anunciou que só queria o dinheiro do pedágio.

A presidente da associação espera que o conflito seja resolvido logo, caso contrário teme que o setor enfrente problemas como o cancelamento de reservas dos grupos de turistas que pescam no Pantanal.

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