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Pecuarista que acusou ICMBio de promover "dia do fogo" tem multa por queimada

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Autor: Daniele Bragança
25 de Ago de 2019

Pecuarista que acusou ICMBio de promover "dia do fogo" tem multa por queimada

Na manhã deste domingo, o Globo Rural publicou uma reportagem sobre o "dia do fogo", manifestação convocada pelo WhatsApp que promoveu queimadas na região da BR 163, entre Novo Progresso e Altamira, em 10 de agosto. Na reportagem, uma pecuarista acusa servidores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) de incendiar a floresta. O texto foi compartilhado pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. A pecuarista Nair Brizola, de Cachoeira da Serra, que aparece na reportagem acusando o ICMBio, recebeu uma multa lavrada há 10 dias por, supostamente, "destruir 70,93 hectares de floresta do bioma amazônico mediante uso do fogo" dentro da Reserva Biológica da Serra do Cachimbo, umas das unidades de conservação mais desmatadas do Pará.

Além da multa avaliada em 1 milhão por desmatamento e queimada ilegal e embargo da área, Nair Brizola - que já foi candidata a vereadora pelo PSDB em Guarantã do Norte (MT) -, teve uma motosserra apreendida avaliada em 1 mil reais. A ação de fiscalização que resultou na multa e embargo da fazenda da pecuarista contou com o apoio da Força Nacional.

Segunda a reportagem da revista Globo Rural, um grupo de cerca de 70 pessoas se articulou via WhatsApp para promover queimadas no Pará. Essas pessoas seria "sindicalistas, produtores rurais, comerciantes e grileiros" e queriam "mostrar ao presidente Jair Bolsonaro que apoiam suas ideias de "afrouxar" a fiscalização do Ibama". Mas a parte da matéria que ganhou voz entre os grupos bolsonaristas foi a acusação da pecuarista Nair Brizola de que os responsáveis pelas queimadas são, na verdade, servidores da área ambiental.

Esse pequeno trecho da matéria tomou conta das redes sociais e foi mencionado, inclusive, pelo segundo escalão do ICMBio. Marcos Aurélio Venancio, diretor de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade da autarquia, informou, em vídeo, que o órgão vai instaurar uma investigação para apurar se pessoas ligadas ao ICMBio incentivaram a prática. "Repudiamos qualquer agressão ao meio ambiente e vamos ser rígidos na apuração desses fatos", disse. O vídeo foi compartilhado no Instagram do presidente do ICMBio, Homero Cerqueira.

O filho mais velho do presidente, o senador Flavio Bolsonaro (PSL-RJ), também afirmou, no Twitter, que há um possível boicote ao governo. "Caso se confirme essa aberração, ficará evidente que o boicote ao governo existe e vem de pessoas infiltradas nos próprios órgãos oficiais", afirmou, no Twitter, citando Ricardo Salles.

Polícia Federal também investigará queimadas

Após a publicação da reportagem do Globo Rural, o presidente Jair Bolsonaro determinou à Polícia Federal a abertura de uma investigação sobre "a possível existência de ação premeditada de criminosos nos incêndios e queimadas na área da Floresta Nacional de Altamira", escreveu o presidente, em despacho.

Segundo o Ministério Público Federal, que investiga os responsáveis pelo "dia do fogo", só em Novo Progresso houve 124 registros de focos de incêndio no dia 10 de agosto. No dia 11 esse número subiu para 203 focos. Em Altamira, os satélites detectaram 194 focos de queimada em 10 de agosto e 237 no dia seguinte. Ao todo, até hoje, foram detectados 8.125 focos de queimadas no estado do Pará em agosto, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

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