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PC verde começa a sair das fábricas

OESP, Economia, p. B12
08 de Jul de 2007

PC verde começa a sair das fábricas
Empresas traçam metas para reduzir consumo de energia

Renato Cruz

A preocupação com o ambiente chegou à indústria de computadores. Com a redução de consumo de eletricidade das máquinas, é possível ajudar a combater o aquecimento global. Hoje, quase metade da energia consumida pelos computadores de mesa é desperdiçada. Grandes empresas de tecnologia querem aumentar, até 2010, a eficiência de consumo para 90%. A mudança pode aumentar um pouco o preço para o consumidor. Grandes usuários, como centrais de atendimento e centros de dados, já consideram o consumo de eletricidade antes de decidir que computadores vão comprar.

"Temos dois grandes focos hoje", informou Renata Gaspar, diretora de Sistemas Pessoais da HP. "A redução do consumo de energia e o uso de materiais que não fazem mal à saúde nos componentes." A especificação Energy Star 4.0, do governo americano, determina uma eficiência energética de 80%. As máquinas que respeitam a regra levam um selo. A Europa tem uma diretiva chamada Restriction of Hazardous Substances (RoHS), restrição de substâncias nocivas, contra o uso de materiais como chumbo, cromo e mercúrio.

"Não existem normas brasileiras", apontou Hugo Valério, diretor de Informática da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). "As empresas se adaptam às regras de outros países e acabam repassando para cá." Uma exceção é a resolução 257 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que define regras para a coleta de pilhas e baterias usadas pela indústria no País.

No mês passado, um grupo de empresas e entidades de defesa do ambiente lançou lá fora a Climate Savers Computing Initiative, algo como Iniciativa de Computação dos Salvadores do Clima. Foi esse grupo que definiu o objetivo de aumentar a eficiência energética para 90% até 2010. Para os servidores, a meta é elevar a eficiência de 85% para 92% no período.

A medida reduziria a emissão de gases que causam o efeito estufa em 54 milhões de toneladas por ano, o que resultaria num corte de mais de US$ 5,5 bilhões em gastos com energia. É claro que os computadores não emitem gases que causam efeito estufa. Os números levam em conta o método de geração de energia. As 54 milhões de toneladas de gases equivalem a 11 milhões de carros ou 20 usinas energéticas a carvão de 500 megawatts.

As máquinas que consomem menos eletricidade podem custar mais US$ 20 ou US$ 30, segundo estimativas da indústria. Esse valor, no entanto, pode ser compensado na conta de energia. O grupo também sugere que os consumidores usem os modos de dormir e hibernar dos computadores, que podem reduzir o consumo em até 60%. O programa Climate Savers foi criado pela World Wildlife Fund, organização não-governamental de defesa do ambiente. Entre os participantes do programa estão Intel, Google, AMD, Dell, HP, IBM, Lenovo, Linux Foundation, Microsoft, OLPC e Yahoo.

A própria evolução tecnológica pode ajudar a reduzir o consumo. O monitor de cristal líquido pode gastar 70% menos energia que um de tubo. Em 2005, um processador com um único núcleo chegava a consumir 130 watts. Este ano, a Intel colocou no mercado um processador com quatro núcleos de baixa voltagem, que opera com 50 watts. Cada núcleo funciona como se fosse um processador.

"É como se cada processador consumisse 12,5 watts", explicou Marcel Saraiva, gerente de Produtos da Intel. "A indústria já começa a avaliar o desempenho por watt dos computadores." Grandes empresas como a Telefônica e a Petrobrás já levam em conta o consumo de energia quando vão comprar suas máquinas. O processador é responsável por cerca de 30% do consumo de energia dos computadores.

"A preocupação com o consumo de energia ainda não é muito grande no Brasil quando as empresas vão comprar computadores de mesa, mas nos servidores já está bem presente", disse Ricardo Shiroma, gerente de produtos da Dell. Segundo Guilherme Araújo, gerente de Vendas da IBM, até mesmo a disposição dos servidores no centro de dados pode influir no consumo de energia, exigindo mais ou menos ventilação.

OESP, 08/07/2007, Economia, p. B12

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