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Pataxós vão a Brasília e voltam satisfeitos - A Tarde

A Tarde-Salvador-BA
Autor: Umberto de Campos
20 de Jun de 2004

Índios pedem programa de ensino e recuperação de trechos de estradas

A aldeia Pataxó de Coroa Vermelha, no sul da Bahia, terá 100 casas novinhas em folha nos próximos meses. Além disso um programa de ensino vai permitir que os índios da aldeia façam cursos de qualificação em várias áreas. Finalmente, um dos trechos mais perigosos da BR-367, que vai de Porto Seguro a Coroa Vermelha, será consertado e sinalizado. Parece milagre, mas é verdade. As conquistas foram comemoradas na sexta-feira, em Brasília, pelos caciques Peroá de Coroa Vermelha e Edmundo Chavan, de Mata Medonha.

Cerca de 11 índios da aldeia que fica exatamente no local onde desembarcou a frota de Pedro Álvares Cabral, no Descobrimento, foram a Brasília fazer reivindicações. E, para surpresa desses índios, desta vez eles têm mais motivo para comemorar do que para lamentar, o que quase sempre acontece.

Peroá conta que "faz tempo que a gente pede um programa para a construção de casas para o nosso povo. Depois da última enchente a aldeia está em estado de calamidade pública. E fomos surpreendidos no Ministério das Cidades, onde ficamos sabendo que temos direito ao programa de construção das casas. O dinheiro vai estar à disposição do nosso povo até o final deste mês na Caixa Econômica Federal".

Os índios foram também fazer uma reclamação sobre o perigo do trecho entre os quilômetros 73 e 79 da BR-367, onde o menino Yuri Passos Brandão, de 11 anos, morreu atropelado há algum tempo. Não há verba para a reforma da estrada inteira, mas houve a promessa de liberação imediata de R$ 200 mil para a construção de quebra-molas e a colocação de placas de sinalização no trecho. "E eles prometeram que, logo que seja possível, vão colocar controladores eletrônicos de velocidade lá no local", explicou Peroá.

PROFESSORES - A outra reivindicação atendida foi a liberação, pela fundação Banco do Brasil, de uma verba para a contratação de professores que vão dar cursos de qualificação em várias áreas, aos indígenas. Peroá preside a Cooperativa de Habitação, Produção e Serviço da Aldeia e foi a entidade que acabou beneficiada pela Fundação BB. "Esse é um sonho antigo e vamos contratar professores para qualificar os índios em várias profissões", disse o cacique.

O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Pereira, prometeu a eles que, entre os dias 8 e 9 de julho, uma comissão vai à aldeia para verificar os prejuízos causados pela enchente em Porto Seguro. E a única reclamação dos índios ficou por conta da recepção que tiveram no Ministério da Agricultura. Os caciques chegaram no final da tarde de segunda-feira para protocolar um projeto de incentivo e pedido de máquinas agrícolas. As portas do Ministério - segundo eles - foram fechadas e um funcionário mandou eles passarem no dia seguinte para receberem o número do protocolo. "Voltamos no outro dia e disseram que não havia protocolo nenhum", explicou Peroá. "Eu tive que fazer um escândalo e só depois de muitos gritos consegui que os assessores aparecessem e descobrissem onde estava o nosso documento".

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