Pataxós se reúnem com procurador

As lideranças pataxós hã-hã-hãe estarão reunidas hoje, às 10 horas, em Ilhéus, com o procurador da República Márcio Torres para discutir os problemas gerados pela nova ocupação das fazendas Lusitânia e Justiça Divina, ocorrida há oito dias, em Pau Brasil. Segundo o procurador, o que preocupa não é a ocupação, realizada com o consentimento dos proprietários Alberto Pereira e Abenilson Rocha. Os dois, inclusive, já estão negociando com a Funai para receber a indenização pelas benfeitorias.O que preocupa é que a ocupação gerou insatisfação entre alguns fazendeiros que não querem negociar e estão agitando para tentar mobilizar outros fazendeiros e criarem novo clima de conflito na área, salienta o procurador. Dois desses fazendeiros, ligados ao Sindicato Rural, estão provocando os índios, exibindo um vídeo que mostra a morte de dois policiais militares, durante o conflito ocorrido em novembro de 1999.Márcio Torres afirmou que esses são incidentes que a comunidade indígena quer evitar, não aceitando as provocações. O procurador revelou que a reunião servirá também para discutir problemas internos, entre as lideranças pataxós, gerados também pela nova ocupação. Segundo ele, o cacique Gerson Melo se queixa de ter havido precipitação na ocupação, liderada pelo ex-vice-cacique Nailton Muniz, porque já havia uma negociação com os fazendeiros, para depois todas as lideranças participarem da retomada das terras.O procurador afirmou que enquanto o Supremo Tribunal Federal não julgar a ação de nulidade dos títulos, distribuídos pelo Estado aos fazendeiros, que já tem parecer favorável do procurador geral da República, Geraldo Brindeiro, a orientação na reserva é esperar a negociação da Funai com os fazendeiros para depois fazer a ocupação.