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Pataxó protesta em Carmésia

Cedefes
27 de Mai de 2008

Pataxó mantém protesto na estrada de acesso a Carmésia - MG para reivindicar compensação pelo impacto causado pelos caminhões da mineração MMX que estão passando dentro de seus territórios

Cerca de 100 índios de quatro aldeias da etnia Pataxó mantêm um protesto na estrada de acesso a Carmésia, no Vale do Rio Doce, a 208 quilômetros de Belo Horizonte. Os manifestantes impedem a passagem de caminhões da empresa MMX Mineração e Metálicos. O protesto começou na segunda-feira e se estendeu por toda a madrugada.

Representantes da empresa estão no local para tentar liberar a passagem dos caminhões, mas os índios não aceitam o desbloqueio. Os líderes da etnia dizem que os veículos passar por suas terras e querem compensação pelo impacto.

Os índios reivindicam a doação de máquinas agrícolas, mas a MMX ainda não aceitou a proposta. Somente os caminhões da empresa foram proibidos de passar pela barreira.

A Polícia Federal (PF) poderá ser chamada para intervir na liberação de duas carretas e duas caminhonetes da mineradora MMX retidas por cerca de 150 índios pataxós na Rodovia MG-232, próximo a Carmésia (208 quilômetros de Belo Horizonte). A PF aguarda um posicionamento da Fundação Nacional do Índio (Funai) para saber se será necessário enviar policiais ao local com o objetivo de resolver o impasse.

'Em tese, não é uma questão de competência da Polícia Federal. O fato ocorreu numa rodovia estadual e não envolve atos ilícitos cometidos contra índios. Pelo contrário, no caso, são eles os autores da infração. Esperamos o contato da Funai, que ainda não ocorreu', afirmou o delegado federal Rui Antônio da Silva.

A questão envolve a construção de um pátio de estocagem de dutos da MMX na cidade, fato ocorrido há cinco meses. A obra é parte do projeto de um mineroduto ligando Conceição de Mato Dentro (MG) ao Porto de Conceição da Barra, no Rio. De acordo com a empresa, foram feitos contatos com prefeitura, Ministério Público (MP), comunidade local e índios a respeito do aumento do tráfego de caminhões transportando materiais da MMX na MG-232. A empresa previa um tráfego de oito a dez carretas por dia na região.
Em abril, durante reunião com o Comitê de Gestão de Causas Indígenas, o cacique Mesaque, segundo a mineradora, informou que cobraria pedágio dos caminhoneiros da empresa. No fim do mesmo mês, Mesaque propôs não mais cobrar pedágio se a mineradora se comprometesse a realizar um plano de automação agrícola, envolvendo a doação de máquinas e equipamentos

Proposta

A proposta foi rejeitada porque, segundo a MMX, é 'incompatível com a política de atuação da empresa nas comunidades'. A retaliação, então, tomou forma de bloqueio dos veículos da empresa, iniciado ontem. Segundo o administrador executivo regional de Minas e Espírito Santo da Funai, Waldemar Adilson Krenak, a preocupação dos índios é com a segurança. 'Eles temem que as carretas possam atingir crianças, por exemplo, ou pessoas que andam por ali.

Os índios também se sentiram desrespeitados porque a empresa nem respondeu sobre o projeto e começou a colocar caminhões na rodovia.' A assessoria da MMX informou que os índios foram notificados da rejeição da proposta antes de o trânsito de caminhões começar. O transporte de dutos é feito por uma empresa terceirizada, que, segundo a mineradora, tomará as medidas judiciais cabíveis.

É um absurdo como os direitos indígenas são desrespeitados no Brasil.

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