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Pastoral quer resgatar dignidade dos indígenas que moram em BV

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
Autor: LUIZ VALÉRIO
24 de Jun de 2002

A Pastoral Indígena da Cidade de Boa Vista (PIC) que faz parte da ação evangelizadora da Diocese de Roraima tem enfrentado inúmeras dificuldades para conseguir resgatar a dignidade dos indígenas que moram no perimetro urbano de Boa Vista.

Segundo a coordenadora da PIC, a índia macuxi Iracema Alexandre Neves, 45 anos, que mora em Boa Vista desde os 16 anos, os desafios são muitos. Ela acredita que os índios só conseguirão ser respeitados e valorizados na medida em que conseguirem preservar seus hábitos culturais, a começar pela língua.

Para Iracema a preservação da cultura dos povos indígenas deve começar pela língua, não importa a etnia. "Como é que um índio pode dizer que é da etnia macuxi se não conhece sequer a sua língua?", questiona.

Ela também defende que os índios da cidade produzam artefatos artesanais como redes e panelas de barro para preservar seus costumes e obter um pouco de recurso financeiro para ajudar na sobrevivência. "Também seria um forma de sobreviver com dignidade", ressalta.

Entretanto, apesar da disposição da coordenadora da PIC, o trabalho encontra resistência entre os próprios indígenas. "Há índios que pensam que o nosso trabalho objetiva apenas atrair os índios para a religião. Mas não é isso, nós queremos fazer eles se reconhecerem como índio, se auto-valorizar", diz, salientando que o que a leva a persistir no trabalho é a vontade única de servir ao seu povo.

Uma outra preocupação de Iracema Alexandre e implementar, através da PIC, um trabalho de assistência à saúde dos índios que vivem na cidade. Ela diz que divido a sua condição de indígenas, essas pessoas são mal atendidas nos hospitais públicos. A maioria acaba ficando sem assistência médica. "A única ajuda com a qual nós contamos é a das irmãs religiosas, que nos fornecem remédios naturais", diz.

Na opinião dela, os índios que vieram para Boa Vista e não conseguiram uma vida mais digna do que a que levavam nas malocas, deviam voltar para junto do seu povo, nas reservas. "Eu não sei o que é que eles ficam fazendo aqui, vivendo na lixeira e passando dificuldades", indigna-se. "A vida na maloca é livre e a natureza nos dá o que precisamos para viver", afirma.

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