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Parques nacionais podem gerar R$ 1,8 bi em recursos

WWF - observatorio.wwf.org.br
09 de Mai de 2014

Parques nacionais podem gerar R$ 1,8 bi em recursos

Brasília (DF) - O Brasil precisa aproveitar mais o potencial turístico e econômico de seus parques e reconhecer as unidades de conservação como um dos principais patrimônios do país, capaz de conciliar desenvolvimento com a manutenção de recursos naturais estratégicos. O alerta faz parte de manifesto apresentado nesta quinta (8) na Câmara dos Deputados durante debate sobre o uso público de unidades de conservação.
Assinado por entidades como SOS Mata Atlântica, WWF-Brasil, Semeia, Instituto Socioambiental e Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura, o documento (confira abaixo) reforça que a visitação nos parques naturais pode gerar até R$ 1,8 bilhão por ano, considerando um possível fluxo de turistas de até 14 milhões de brasileiros e estrangeiros até 2016, ano das Olimpíadas.
A previsão é do Centro de Monitoramento da Conservação Mundial do Programa das Nações Unidas pelo Meio Ambiente e do Ministério do Meio Ambiente, e consta de documento que será apresentado aos candidatos à Presidência da República este ano. O objetivo é chamar atenção para o potencial dessas áreas, ainda pouco utilizado.
"Nem todos os parques terão a mesma demanda ou potencial de visitação, dadas as condições de acesso e atrativos, mas esse potencial precisa ser identificado e desenvolvido para que essas áreas também cumpram a sua função de possibilitar maior integração entre as pessoas e a natureza", ressaltou Jean Timmers, superintendente de Políticas Públicas do WWF-Brasil.
Para os signatários do manifesto, valorizar e investir em seus patrimônios naturais fortalecerá o Brasil como destino turístico. "O Brasil ficou em 1o lugar no ranking do Fórum Econômico Mundial no quesito Belezas Cênicas, entretanto, vem perdendo posições no ranking mundial de competitividade de turismo", assinala o texto.
O manifesto está aberto a contribuições e adesões, que devem ser enviadas ao email sosparques@sosma.org.br, e seguirá sendo apresentado durante este ano em eventos de turismo e conservação.
O coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista do Congresso Nacional, deputado Sarney Filho (PV/MA), sugeriu elevar ainda mais o tom político do documento, com a inclusão de questões relacionadas a propostas de emendas constitucionais que podem tornar uma exclusividade do Legislativo a criação de Unidades de Conservação e a demarcação de Terras Indígenas. Hoje, garantir desses direitos constitucionais é de competência da União.
Perdas e danos - Estudo recente na publicação científica Conservation Biology indica que, nas últimas três décadas, 93 parques nacionais e outras Unidades de Conservação no Brasil tiveram seus limites ou status de proteção reduzidos. O resultado foram 5,2 milhões de hectares de florestas e outras formações naturais desprotegidos. Isso equivale ao território do Rio Grande do Norte e é superior ao da Costa Rica. Antes, tais áreas estavam preservadas em parques, reservas e estações ecológicas.
Além das perdas já concretizadas, o Brasil convive com novas e constantes ameaças - um caso emblemático é o do Parque Nacional do Iguaçu, onde fica uma das novas Sete Maravilhas Naturais do Mundo: as Cataratas do Iguaçu. Há um projeto para abertura de uma rodovia asfaltada que cortaria a porção mais sensível do parque.
"Por tratar-se de um parque nacional que é Patrimônio Natural da Humanidade, o Governo levará sua posição contrária à estrada durante o encontro da Unesco (órgão das Nações Unidas que concede o título de patrimônio da humanidade a locais de grande beleza cênica no mundo), que acontece em junho, no Qatar.
Outra possível ameaça ao Parque Nacional do Iguaçu é a Hidrelétrica de Baixo Iguaçu, que está em construção a apenas 500 metros do limite da unidade de conservação e sobre o leito do Rio Iguaçu, que abastece as espetaculares cataratas.

Parque Nacional de Anavilhanas. (Crédito: ICMBio)

Manifesto pela valorização dos parques nacionais do Brasil e pelo turismo sustentável
As organizações da sociedade civil alertam para a desvalorização dos parques brasileiros, que podem ser muito melhor explorados do ponto de vista turístico, promovendo a conservação aliada à geração de emprego e renda.
Estudo recente na publicação científica Conservation Biology indica que, nas últimas três décadas, 93 parques nacionais e outras Unidades de Conservação no Brasil tiveram suas fronteiras reduzidas ou seus status alterados. Retirou-se ou se reduziu a proteção de um total de 5,2 milhões de hectares de florestas nativas, que antes eram preservados em parques, reservas e estações ecológicas. Isso equivale ao território do Rio Grande do Norte e é superior ao da Costa Rica.
Unidades de Conservação na Amazônia foram as que mais sofreram, principalmente entre 2008 e 2012. Os principais motivos foram o avanço desregrado da geração e transmissão de energia hidrelétrica, do agronegócio e da urbanização.
Além das perdas já concretizadas, o Brasil convive com novas e constantes ameaças - um caso emblemático é o do Parque Nacional do Iguaçu, onde fica uma das sete maravilhas naturais do mundo: as Cataratas. Existe um projeto para construir uma estrada que cortará o parque, causando prejuízos aos animais e impactando a paisagem.
O Brasil ficou em 1o lugar no ranking do Fórum Econômico Mundial no quesito Belezas Cênicas, entretanto, vem perdendo posições no ranking mundial de competitividade de turismo.
Atualmente, dos quase 70 parques nacionais existentes no país, apenas 26 estão abertos à visitação e só 18 possuem infraestrutura satisfatória. Em 2012, esses parques tiveram 5,3 milhões de visitantes e arrecadaram menos de R$ 27 milhões com a venda de ingressos, sendo que pouco mais de 3 milhões de visitantes ocorrem somente nos Parques Nacionais da Tijuca e Iguaçu.
Os parques nacionais dos Estados Unidos, em 2008, receberam 275 milhões de visitas e geraram US$ 11,5 bilhões nas suas áreas de influência. Os cinco maiores parques da África do Sul recebem ao ano 4,3 milhões de turistas. Lá, 75% do sistema de parques nacionais é mantido pelos recursos advindos da visitação (incluindo concessões). Na Austrália, em 2007, turistas que visitaram parques nacionais foram responsáveis pela injeção de R$ 30 bilhões na economia do país. E, na Nova Zelândia, o turismo representa cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) e 15% dos empregos da costa oeste. O turismo promovido no Parque Nacional de Fiordland, ao sul daquele país, promove a geração de mais de 50% dos empregos do território, assim como o Parque Nacional de Banff, no Canadá.
O estudo Contribuição das Unidades de Conservação Brasileiras para a Economia Nacional aponta que a visitação nos parques existentes no país tem potencial para gerar até R$ 1,8 bilhão por ano, considerando as estimativas de fluxo de turistas projetadas - cerca de 13,7 milhões de pessoas, entre brasileiros e estrangeiros - até 2016, ano das Olimpíadas. O material foi desenvolvido pelo Centro de Monitoramento da Conservação Mundial do Programa das Nações Unidas pelo Meio Ambiente e pelo Ministério do Meio Ambiente em 2011.
O Brasil precisa aproveitar essa oportunidade e reconhecer as Unidades de Conservação como o maior ativo deste país, conciliando desenvolvimento com a conservação dos recursos naturais. Ao valorizar e investir em seus patrimônios naturais, também se fortalecerá como destino turístico. Infelizmente, hoje nem os brasileiros nem os turistas estrangeiros podem usufruir adequadamente dessas riquezas. E, se o governo não agir para alterar a realidade atual, sobrarão poucas áreas protegidas para serem apreciadas no futuro.

WWF, 09/05/2014

http://observatorio.wwf.org.br/blog/2014/05/09/parques-nacionais-podem-…

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