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Parque do Monte Pascoal terá gestão do Ibama e dos pataxós

A Tarde - Salvador - BA
12 de Jun de 2001

DEMOCRACIA - índios vão participar das decisões sobre a gestão do parque

O parque Nacional do Monte Pascoal terá uma gestão compartilhada entre o Ibama e os índios pataxós. A nova gerente do parque, Milene Maia, nomeada pelo ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, e pelo presidente do Ibama, Hamilton Casara, foi escolhida para garantir a preservação da Mata Atlântica de comum acordo com os mais de quatro mil índios que moram nas aldeias do entorno do parque.O Monte Pascoal foi ocupado, ou retomado, desde agosto de 1999, pelos pataxós, que reivindicam sua demarcação como terra indígena. A Funai nomeou um grupo técnico que está realizando os levantamentos da área, mas a questão da posse não será tratada pela administração do parque. Não queríamos criar impecilhos que pudessem impedir o diálogo e o principal objetivo, que é a preservação. A coordenação tem que ser realizada de forma conjunta; é o único caminho, destacou Milene Maia.Já está sendo demonstrado, também em Porto Seguro, na reserva da Jaqueira, que os índios pataxós podem se beneficiar da preservação do meio ambiente e das atividades ligadas ao turismo ecológico. Com muitos sacrifícios, os pataxós de Coroa Vermelha criaram um passeio ecológico-cultural, com trilhas na Mata Atlântica, Kigemes (cabanas tradicionais), apresentação de cantos e danças, gastronomia indígena e plantas medicinais. A experiência está dando certo e já despertou o interesse de várias operadoras de turismo. O Ministério do Meio Ambiente já liberou recursos para o projeto e os índios melhoraram, recentemente, a infra-estrutura para receber os turistas.Ao lado das jovens lideranças pataxós que trabalham na Jaqueira, como Das Neves, Catão e Júnior, dentre outros, desde o começo os índios receberam a importante colaboração da então técnica da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Milene Maia. Foi ela quem ajudou a formatar uma experiência nova, sempre seguindo as diretrizes traçadas pelos próprios índios, depois de exaustivas discussões.O Monte Pascoal deverá seguir um caminho parecido com a Jaqueira. A Jaqueira demonstrou que conseguiu mudar o sentimento dos índios com a questão ambiental; agora eles não abrem mão da preservação pois sabem que a natureza pode ajudar na sobrevivência e o Monte Pascoal pode ser um símbolo para o resgate deste povo. Atualmente, cerca do 90% dos índios que moram nos entornos do parque sobrevivem com a produção e venda de artesanato em madeira, principalmente pratos e gamelas. De acordo com Milene Maia, existe o grande problema do atravessador que paga pouco para os índios e ainda o uso da madeira, para produzir peças.Entre as atividades que deverão ser desenvolvidas pelos mais de 4000 pataxós da região, a parte principal será o turismo ecológico, assim como a fiscalização do parque, a condução dos turistas na floresta, culturas agro-florestais, recuperação da área degradada e busca de materiais novos para o artesanato como o coco e outros recursos sustentáveis. Existe até um projeto da Flora Brasil de exploração de novas matérias primas renováveis para o artesanato, para poder criar uma espécie de selo verde, que poderia facilitar a exportação e agregar valor ao produto, finalizou Milene Maia.

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