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Parque do Araguaia dá curso de pesca do pirarucu a comunidades indígenas

ICMBio - www.icmbio.gov.br
Autor: Priscila Galvão
03 de Dez de 2009

O Parque Nacional (Parna) do Araguaia, em Tocantins, realizou entre os dias 19 e 22 de novembro o curso de capacitação de manejo comunitário sustentado da pesca do pirarucu (Arapaima gigas), ou pirosca, como é conhecido na área sobreposta à Terra Indígena Inawebohona.

A pesca realizada dentro dos princípios do ordenamento pesqueiro é uma atividade potencial para o uso dos recursos sem necessariamente acarretar perda da biodiversidade, fortalecendo nas comunidades indígenas o valor da proteção dos recursos naturais existentes dentro de seu território e no Parna Araguaia. O manejo de lagos tem sido bem sucedido em outras localidades e garantiu o aumento populacional de pirarucu e melhoria da renda dos pescadores.

MANEJO - A demanda de manejo de pirarucu em lagos pelas comunidades das áreas sobreposta ao Parna Araguaia surgiu a partir de oficinas de capacitação em manejo comunitário de pesca, realizadas em 2007, que tiveram como objetivo o desenvolvimento de um acordo de pesca que ainda encontra-se em fase de construção.

Dois técnicos do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Fonte Boa (IDS) estiveram na Ilha do Bananal para ensinar aos pescadores indígenas a metodologia que permite a contagem visual do estoque de pirarucu.

A contagem em cada lago é realizada por vários pescadores, posicionados nas margens ou em canoas, que dividem o lago em faixas. Eles fazem o levantamento por etapas, até conclusão de todo lago. Cada contagem tem a duração de 20 minutos e é feita no momento em que o peixe sobe até a superfície do lago para respirar, a chamada "boiada".

Essa metodologia já foi validada cientificamente e permite diferenciar na contagem o número de jovens e adultos. Somente após conhecer o estoque dos lagos é possível definir a cota de despesca. Os lagos já foram previamente classificados pela comunidade como de Preservação, onde não há pesca, Manutenção, com subsistência cotidiana e Manejo, com pesca para comércio.

Segundo o pesquisador do IDS, José Maria Damasceno, é importante que a comunidade dê continuidade à implantação do acordo de pesca e inicie o processo de manejo de lagos. "Há grande chance de sucesso do manejo de pirarucu devido ao grande conhecimento que os índios já possuem do comportamento do pirarucu e de resultados parciais da contagem populacional", afirmou Damasceno.

É necessária a contagem de todos os lagos no início da próxima estação seca - quando eles ficam acessíveis por estradas - para estabelecer a cota de despesca. Se o acordo de pesca na época já estiver em vigor, é possível obter a autorização de pesca do pirarucu ainda em 2010.

A capacitação de manejo comunitário sustentado da pesca do pirarucu foi realizada em parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins (IFTO) e Fundação Nacional do índio (Funai), com apoio da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Tocantins (Seagro) e Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins).

PARQUE - O Parna Araguaia foi submetido ao regime de dupla afetação pelo Decreto de 19 de abril de 2006, que criou o território indígena Inãwébohona, de 376.545 hectares sobreposta à Unidade de Conservação (UC). A dupla afetação é uma importante particularidade do Parna Araguaia, uma vez que seus recursos naturais são a principal fonte de subsistência e renda para os indígenas.

O Parna Araguaia, Funai, lideranças indígenas e Ministério Público Federal buscam formas de garantir a sustentabilidade das comunidades indígenas da área sobreposta com o menor impacto ambiental, respeitando os objetivos de conservação da biodiversidade que justificam a existência da UC.

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