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Paresi protesta contra postura parlamentar

Diário de Cuiabá
Autor: RODRIGO VARGAS
21 de Mai de 2007

Uma liderança da etnia paresi esteve ontem em Cuiabá para protestar contra as correntes políticas que pretendem abrir a exploração madeireira e de minérios nas áreas indígenas já protegidas e impedir a demarcação de novas áreas. Segundo ele, a iniciativa ameaça a vida e a cultura dos povos.

"Não podemos aceitar que toda essa discussão seja feita sem que tenhamos a chance de participar ou dizer não", apontou Genilson Kezonae, coordenador de saúde da Associação Halitinã, que representa parte da etnia em terras localizadas em Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, na região oeste.

De acordo com a liderança, pronunciamentos recentes de parlamentares federais e estaduais apontam para uma estratégia coordenada de enfraquecimento da Fundação Nacional do Índio (Funai) e das entidades que representam os povos indígenas com o único objetivo de usurpar os recursos naturais contidos em suas áreas.

"Vemos, com preocupação, que o novo Congresso Nacional é ainda mais avesso aos povos indígenas que o anterior. Há mais deputados da bancada ruralista e madeireira, e menos parlamentares defendendo as comunidades tradicionais. Já estamos sentindo os efeitos disso", relata.

Kenozae disse falar não apenas em nome de sua etnia. Segundo ele, a visita a Cuiabá foi precedida de contatos telefônicos com lideranças Xavante e Caiapó. "Estamos todos em alerta. A questão da mineração, por exemplo, está prestes a ser autorizada. E ainda não sabemos do que se trata".

Ele se refere ao acórdão 560/2007, do Tribunal de Contas da União (TCU) que, entre outras exigências, concedeu prazo de 60 dias para que o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) regulamentasse a exploração garimpeira em áreas indígenas.

"Não sabemos como se dará este processo, mas sabemos que não fomos convidados a participar. Da mesma forma está sendo feito o debate sobre a demarcação de nossas terras: os políticos criticam, mas não nos escutam", reclama.

Sobre recentes manifestações de deputados estaduais contra novas demarcações- sob o argumento de que haveria "muita terra para pouco índio", a liderança diz que o argumento reflete apenas falta de conhecimento de causa.

"Muitos não entendem, ou não querem entender, que as concepções de terra para brancos e índios são distintas. Não vemos a terra apenas como um meio de ganhar dinheiro. Para nós, ela representa a vida".

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