Parceria prevê mais recursos para o Atol das Rocas

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o presidente interino do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, João Paulo Capobianco, e o presidente da Fundação SOS Mata Atlântica, Roberto Luiz Klabin, assinaram termo de cooperação para reforçar o financiamento das operações de manejo da Reserva Biológica Atol das Rocas, no litoral do Rio Grande do Norte. A cerimônia ocorreu nesta quarta-feira (4), no final da reunião do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), na sede da ANA (Agência Nacional de Águas), em Brasília.
O governo desenvolve no Atol atividades de pesquisa, educação ambiental e fiscalização. De grande importância do ponto de vista estratégico, o local é objeto também de estudos de renomadas universidades, institutos e até de grupos de voluntários. Essas atividades permitem uma melhor avaliação desse ecossistema único no Atlântico.
O termo de cooperação surgiu a partir da constatação de que o governo dispõe de apenas 40% do total dos recursos necessários para gerir o Atol das Rocas, estimados hoje em R$ 450 mil. Assim, a SOS Mata Atlântica propôs a criação de um fundo com recursos de doações de pessoas físicas. O rendimento líquido obtido com a aplicação bancária dos recursos será investido na complementação do orçamento de manutenção da reserva. No momento, o fundo já arrecadou R$ 2,1 milhões dos R$ 4 milhões que serão precisos para atingir o valor ideal.
A ministra Marina Silva aplaudiu a iniciativa. Esse ato é fruto de uma articulação do setor empresarial, aportando recursos para a proteção de uma unidade de conservação, buscando suprir aquilo que o poder público ainda não consegue fazer adequadamente", disse. Segundo ela, essa cooperação segue a linha de experiências bem-sucedidas, como a do Programa de Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), resultado de uma parceria entre Ibama, MMA, WWF, GTZ, com recursos do GEF e KfW, e que, em 2006, recebeu em doação da Fundação O Boticário e da Natura US$ 2 milhões.
O diretor de Unidades de Proteção Integral do Instituto Chico Mendes, Marcelo Françoso, fez questão de esclarecer que o termo de cooperação não se trata de gestão compartilhada. A cooperação prevê apenas o apoio financeiro à execução das atividades de manejo do Atol, que continuarão exclusivamente sob o comando do Instituto Chico Mendes, disse Françoso.
O Atol das Rocas está localizado a aproximadamente 267 Km a leste nordeste da cidade de Natal, no Rio Grande do Norte. É o único atol do oceano Atlântico Sul e tem importância ecológica fundamental por sua alta produtividade biológica e por ser uma importante zona de abrigo, alimentação e reprodução de diversas espécies.
No local, já foram identificadas cerca de 110 espécies de macroalgas. Foram também identificadas sete espécies de corais.
A região é muito rico também em fauna. Os pesquisadores catalogaram até o momento cerca de 147 espécies de peixes na reserva. Destas, duas são endêmicas, ou seja, ocorrem apenas no Atol das Rocas e em Fernando de Noronha: a donzela de rocas Stegastes rocasensis e Thalassoma noronhanum.
O Atol das Rocas detém ainda a maior colônia de aves marinhas do Brasil, com cerca de 150 mil indíviduos, e é área de reprodução de cinco espécies: Sterna fuscata, Sula dactylatra, Sula leucogaster, Anous stolidus e Anou minutus. É também ponto de alimentação e proteção para cerca de 24 outras espécies, vindas principalmente do Hemisfério Norte, sem suas rotas migratórias.
O atol também se destaca por ser a segunda maior área de desova da tartaruga verde Chelonia mydas no Brasil, além de ser uma região de abrigo e alimentação da tartaruga de pente Eretmochelys imbricata. O primeiro programa de marcação de tartarugas marinhas do país, o Projeto Tamar, foi desenvolvido no Atol em 1981.
A diversidade de crustáceos também é grande, representada por 11 famílias e 18 espécies, destacando-se o caranguejo terrestre, Gecarcinus lagostoma, e o aratu, Grapsus grapsus, espécies que ocorrem somente em ilhas oceânicas.
(Brasília (5/7/2007)