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Paraíba do Sul tem nova redução, e captação da Cedae fica no limite

O Globo, Rio, p. 13
26 de Ago de 2015

Paraíba do Sul tem nova redução, e captação da Cedae fica no limite
Volume de água que chega à estação do Guandu é o menor em 37 anos

Emanuel Alencar

RIO - Embora o risco de as torneiras ficarem secas nas casas dos 9,4 milhões de moradores da Região Metropolitana do Rio seja descartado pelas autoridades, a situação hídrica do estado se agravou com a falta de chuvas. Para contornar a situação, o governo do Rio e a Agência Nacional de Águas (ANA) já acertaram uma nova redução no fluxo de água do Paraíba do Sul: a partir de quinta-feira, passam a chegar ao Rio Guandu - de onde a Cedae faz a captação - 75 metros cúbicos por segundo, algo jamais visto desde que os quatro principais reservatórios do sistema passaram o funcionar, há 37 anos. O fantasma do volume morto voltou a assombrar: o reservatório de Paraibuna, o principal do sistema, estava nesta terça-feira com apenas 1,8% de sua capacidade.
Especialistas dizem que a Cedae chegou "ao limite", e que nova redução pode dificultar ainda mais a captação e afetar a qualidade da água distribuída pela Estação de Tratamento (ETA) do Guandu. Embora só capte 45 metros cúbicos por segundo - o suficiente para garantir o fornecimento à capital e à Baixada - a empresa de saneamento precisa de volume maior chegando à barragem do rio para garantir a diluição do esgoto proveniente de rios da Baixada Fluminense.
Pesquisador do Laboratório de Hidrologia da Coppe/UFRJ, Paulo Carneiro afirma que a situação é muito preocupante:
- Já foram feitas algumas adaptações na ETA Guandu. Mas (a vazão) não pode baixar muito porque a Cedae terá dificuldades na captação. Ninguém sabe hoje o mínimo que eles conseguiriam para captar sem problemas. Em condições normais, é 110 m³ por segundo. Vamos chegar a 75 m³ por segundo. Temos que torcer para termos um fim de ano com chuvas. A maior preocupação para o Rio é conseguirmos passar esse período de estiagem sem prejudicar a captação da Cedae.
Secretário estadual do Ambiente, André Corrêa diz que não há alteração da qualidade das águas tratadas pela Cedae. Mas reconhece que a situação é a "mais grave da história". Ele voltou a pedir o esforço da população:
- As operações que fizemos permitiram a economia de 1,5 trilhões de litros. Sem essa economia estaríamos secos. Peço à população que economize água.
O sistema completo (Paraíba do Sul e Guandu) leva água a 199 cidades do Rio, de São Paulo e de Minas Gerais. A média dos quatro principais reservatórios do Paraíba do Sul (Paraibuna, Santa Branca, Jaguari e Funil) está em 7,69%. No mesmo período do ano passado, observa o engenheiro Jander Duarte, especialista em recursos hídricos, essa média era de 20%:
- O Rio pode ter problemas com a queda da qualidade da água distribuída pela Cedae. A situação está no limite.
Procurada, a Cedae não se pronunciou sobre o assunto.

O Globo, 26/08/2015, Rio, p. 13

http://oglobo.globo.com/rio/paraiba-do-sul-tem-nova-reducao-captacao-da…

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