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Para PF, crime ambiental e a prioridade do ano

GM, Nacional, p.A8
10 de Jan de 2005

Para PF, crime ambiental é a prioridade do ano
Brasília, 10 de Janeiro de 2005 - A partir de uma determinação expressa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Ministério da Justiça vai priorizar o combate ao crime ambiental este ano. A Polícia Federal entrou em campo para identificar as quadrilhas que se infiltram no poder público para desmatar em larga escala, extrair minerais e contrabandear as riquezas naturais.
Segundo interlocutores do governo, internamente a iniciativa de Lula visa a dar maior visibilidade à pasta da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Principal símbolo brasileiro de preservação do meio ambiente no exterior, a imagem de Marina teria ficado arranhada após a sua queda-de-braço com membros do governo, que resultou na liberação dos organismos geneticamente modificados no País. A pasta da Agricultura venceu a batalha e conseguiu convencer Lula a assinar três medidas provisórias autorizando plantio e comercialização de soja transgênica.
O combate aos crimes contra o meio ambiente ganha força a partir do início de fevereiro. A Academia Nacional de Polícia vai promover cursos em Brasília para policiais federais. Um dos cursos será ministrado pela agência americana US Fish and Wildlife Service.
Os policiais brasileiros serão instruídos sobre modernas técnicas de infiltração em quadrilhas para combater crimes ambientais. Serão ministradas aulas sobre acondicionamento e despistes utilizados pelas quadrilhas para traficar animais silvestres e micromateriais da flora. O governo americano passou a apoiar este tipo de curso em larga escala em outros países a partir dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2003.
"Eles estão apavorados com os métodos utilizados no tráfico de animais, que podem ser usados para transportar bombas", afirma o chefe da Divisão de Repressão aos Crimes Ambientais da PF, delegado Jorge Pontes.
Ainda este mês, Pontes vai aos Estados Unidos, acompanhado de dois parlamentares da Comissão Parlamentar de Inquérito da Pirataria, para trocar informações sobre as quadrilhas envolvidas com crime ambiental. Pontes vai prestar depoimento contra o contrabandista Milan Hrabosky, envolvido com contrabando de partes de animais do Brasil e preso pelo FBI. Pontes também vai colher depoimento de um agente do FBI que cuidou das investigações em território americano, para punir no Brasil os servidores da Funai envolvidos com a fraude.
A missão que vai aos EUA inicia um processo de resgate de materiais contrabandeados e depois vendidos em museus. A PF já recebeu informação sobre a existência de uma coleção que teria sido contrabandeada e hoje em exibição no museu Smithsonian. Vamos trazer todas as peças raras que foram contrabandeadas para museus no exterior", garante Jorge Pontes.
O delegado é da opinião que o Brasil é um país com vocação para ser vítima de crime ambiental: "É o mais rico do mundo em termos de recursos naturais, seja animal, vegetal ou mineral. O Brasil é o maior fornecedor de animais e plantas silvestres para o mercado negro mundia". Na sua avaliação, "o que falta é uma legislação eficaz, que iniba o criminoso ambiental. O lucro do crime ambiental, seja na questão do mogno, seja no tráfico de animais, seja na biopirataria é tão grande, e as penas são tão pequenas, que é um crime convidativo".
De acordo com Pontes, o desmatamento, a extração e a exportação ilegal de madeira, além de sua guarda e lavagem, são as atividades mais fortes de crime organizado ambiental - a chamada delinqüência ambiental generalizada, no jargão da PF. "Essa, sim, envolve agentes públicos".
Um dos maiores alvos da Polícia Federal nessa atividade localiza-se na região amazônica, onde ocorre também o desmatamento e a grilagem.

GM, 10/01/2005, p. A8

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