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Para o governo, risco de racionamento diminuiu

OESP, Economia, p. B5
03 de Jun de 2014

Para o governo, risco de racionamento diminuiu
Já há sinais de que é possível desligar as térmicas, segundo Ministério de Minas e Energia

Antonio Pita
Fernanda Nunes / Rio

O governo voltou a descartar um racionamento de energia elétrica no País e avalia que a situação do sistema de abastecimento melhorou nas últimas semanas, com uma possível redução do risco de déficit de energia.
De acordo com o secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, já há sinais de que é possível desligar as térmicas, embora, por "cautela", o governo manterá o seu funcionamento.
Na próxima semana, o Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico (CMSE) irá se reunir para avaliar a situação. Segundo Zimmermann, o risco de déficit de energia admitido pelo governo será rebaixado.
"A tendência é de ter melhorado o desempenho. À medida que vai se afastando aquele evento extremo (falta de chuvas em janeiro e fevereiro), o sistema vai entrando na normalidade", afirmou o secretário durante seminário sobre segurança energética na Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro.
Tarifas. Zimmermann também avaliou como positiva a redução das tarifas do spot de energia, chamadas de Preço de Liquidação de Diferenças (PLD). Nesta semana, os valores ficaram abaixo dos R$ 600 o megawatt/hora, após ultrapassar a barreira histórica de R$ 822 MW/h em maio.
Para o secretário, a queda aponta para a possibilidade de desligar as termoelétricas mais caras, atualmente em atividade para suprir a demanda.
"O modelo indica que até podem ser desligadas algumas térmicas. Nós, por precaução, provavelmente, não vamos desligar. Mas é um sinal de que está melhorando", disse o presidente da Empresa de Planejamento Energético (EPE), Maurício Tolmasquim, que também participou do evento.
Diferenças. Os dois representantes do governo defenderam agestão do setor e enfatizaram "diferenças" com a crise energética de 2001, quando o País enfrentou um racionamento.
Para Zimmermann, o sistema está "equilibrado estruturalmente". "Fazer racionamento sem necessidade cria uma consequênciade PIB (Produto Interno Bruto) que se reflete na sociedade pesadamente. Não fazer racionamento, havendo necessidade, também cria impacto. A posição mais correta que tem sido adotada é em cima da expertise das áreas de operação."
Tolmasquim reforçou que, ao contrário da crise de 2001, quando havia um crescimento do consumo acima da capacidade instalada, houve investi¬mentos para garantir uma capacidade maior.
"Trabalhamos para um crescimento da economia de 4,5% ao ano por dez anos. Se nós prepararmos o Brasil para crescer nesse ritmo, ele estará preparado para outras situações", disse Tolmasquim,
O executivo também destacou que o País foi prejudicado, neste ano, pelo fraco regime de chuvas. "Nunca houve na história do País um mês tão ruim quanto fevereiro em termos de vazão (nos reservatórios)", afirmou.
"Naquele ano, entraram nos reservatórios do Sudeste o equivalente a 72% da média. Em 2014, entraram 39%. Apesar de ter entrado quase a metade de água, ao final do mês o nível de armazenamento era igual", relatou o executivo.
Neste ano, serão realizados três leilões de energia. Além do A-5, marcado para 12 de setembro, ocorrerá um leilão A-3 (com entrega prevista para 2017) na próxima sexta-feira, e mais um leilão de reserva, em 10 de outubro, quando serão ofertadas usinas de fonte solar, eólica e de resíduos sólidos.
Tolmasquim comemorou o número recorde de projetos inscritos no leilão A-5, de 1.041 unidades, com capacidade total de geração de 50.906 megawatts (MW) e entrega prevista para 2019. "O número é superlativo. É o maior leilão do mundo em termos de interessados", afirmou.
O desafio, contudo, está na apresentação de garantias de que há gás natural disponível para atender à demanda das usinas térmicas, disse Tolmasquim.

Custo da energia do planeta deve ficar em US$ 48 tri até 2035

O investimento necessário para satisfazer as necessidades energéticas do planeta deve ficar em US$ 48 trilhões até 2035, se-gundo um informe apresentado ontem em Londres pela Agência Internacional de Energia (AIE). Deste valor, US$ 40 trilhões se-riam para o abastecimento, o que inclui a extração de combustível fóssil e refinado, geração de eletricidade com baixo carbono, renováveis e nuclear, e o restante para eficiência. A agência, que cuida da seguridade energética de seus 29 países-membros, indi¬ca que o investimento em eficiência energética, necessária para atenuar as mudanças climáticas, deve ficar em US$ 550 bilhões anuais no período, subindo para US$ 2 trilhões ao ano em 2035.
Quase dois terços do investimento será realizado em países emergentes, com destaque para a China e outros países de Ásia, África e América Latina, enquanto os países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), representados pela AIE, terão de renovar suas infraestruturas obsoletas.
Em 2013, o investimento anual para abastecer o mundo de energia foi de US$ 1,6 trilhão, mais que o dobro do valor registrado em 2000, além de outros US$ 130 bilhões para melhorar a eficiência energética, destaca a agência.
A AIE observa que a participação do setor privado é essencial para atender às necessidades de investimento, mas adverte que mobilizar capitais privados e investidores exigirá um esforço para reduzir as incertezas políticas e regulamentares. De acordo com a agência, se o objetivo é deter as mudanças climáticas e limitara 2 C o aquecimento do planeta, o investimento acumulado até 2035 teria de ser de US$ 53 trilhões, sendo pelo menos US$ 14 trilhões para a eficiência energética. / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

OESP, 03/06/2014, Economia, p. B5

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