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Para mostra jogos indigenas

GM, Fim de Semana, p.7
28 de Mai de 2004

Pará mostra jogos indígenas
Belém, 28 de Maio de 2004 - U m incentivo à prática dos esportes tradicionais dos índios e de suas manifestações culturais. É o que se pretende com os I Jogos Tradicionais Indígenas do Pará, em Tucuruí, no sudeste do Estado do Pará, cidade que ficou famosa depois da construção da maior hidrelétrica exclusivamente brasileira.
Os jogos serão realizados no período de 15 a 20 de junho. É esperada a presença de cerca de 450 atletas, de 15 etnias. Entre as tribos que deverão participar dos jogos estão as dos Aikewara, Arara, Araweté, Assurini do Rio Tocantins, Gavião, Guarani, Kayapó, Kuruaya, Munduruku, Parakanã, Tembé, Wai-Wai, Xikrin, Xipaya e os Karajá, como equipe convidada especial do Estado de Tocantins.
Os jogos são promovidos pelo Governo do Estado, com a Secretaria Executiva de Esporte e Lazer (Seel), com apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai), do Museu Paraense Emílio Goeldi, da Prefeitura de Tucuruí e do Comitê Intertribal.
O governo paraense tem tradição nesse tipo de competição, já tendo promovido os III Jogos dos Povos Indígenas, no ano de 2000, na cidade de Marabá, e os V Jogos dos Povos Indígenas em 2002, na cidade de Marapanim, além de ter apoiado a I Conferência Nacional dos Povos Indígenas, em 2001, em Belém.
Ana Júlia Brito Chermont, uma das coordenadoras do evento, ressalta que o critério para a escolha e o convite aos povos indígenas que participarão dos jogos foi o fator cultural. Por isso, somente aqueles povos que mantêm suas tradições culturais originais como língua, dança, cantos, instrumentos musicais, pinturas corporais, artesanatos e esportes tradicionais foram convidados.
Um dos destaques do evento será uma exposição com trinta fotografias sobre a cultura e a vida dos índios da tribo Zoé. Trata-se de um trabalho do fotógrafo francês Serge Guiraud, que, em 1991, tomou conhecimento da existência de um grupo de índios isolados na margem esquerda do rio Amazonas, no Pará, que estava ameaçado pela presença de missões religiosas estrangeiras, que acabaram retiradas da área. Serge Guiraud acompanhou todo esse trabalho.
"No início de 1992, tive a oportunidade de conviver durante duas semanas com os Zoé. O encontro foi muito forte. Estar junto a um grupo que refletia a imagem de como foi a vida dos primeiros homens que viveram na floresta amazônica me causou um grande impacto. Tinha o sentimento de ter descoberto um mundo pré-histórico e de ter recuado no tempo", afirma o fotógrafo francês.
A reserva dos Zoé está interditada para estrangeiros. Segundo Ana Júlia Chermont, a escolha dos Zo''é para servir como tema da mostra fotográfica se deu justamente pelas peculiaridades dessa etnia, que vive totalmente isolada do resto da civilização. "Será uma oportunidade bem interessante de mostrar algumas características desse povo, totalmente desconhecido para a grande maioria das pessoas e dos próprios paraenses."
A programação paralela dos jogos inclui ainda uma cinemateca para a exibição de documentários indígenas e uma feira de artesanato indígena que ocupará parte da orla do rio Tocantins, com a venda de produtos como cintos, cocares, brincos, colares, máscaras, pulseiras e bolsas. E haverá oficinas culturais, ministradas por palestrantes índios.
Serão disputadas as seguintes modalidades: arco e flecha, canoagem, arremesso de lança, cabo de guerra, natação/travessia, atletismo, corrida de fundo, futebol masculino e futebol feminino. E haverá ainda apresentações de quatro esportes tradicionais: corrida de tora; o Kaipy (Kaipâ), um exercício com arco e flecha; lutas corporais (Aipenkuit); e o Rõnkran.

GM, 28-30/05/2004, p. 7 (Fim de Semana)

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