VOLTAR

Para Marina, desmatamento sera menor

GM, Nacional, p.A4
06 de Jun de 2005

Para Marina, desmatamento será menor
Ministra acredita que prisão de quadrilha em MT reduzirá ação ilegal de madeireiros. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse na sexta-feira esperar uma redução do desmatamento na Amazônia com a prisão da quadrilha que extraía madeira ilegalmente em Mato Grosso. "Queremos fazer com que o desmatamento em Mato Grosso possa efetivamente cair este ano", disse. O estado do centro-oeste brasileiro responde por mais de 40% do desmatamento ilegal na Amazônia, que atingiu 26,1 mil quilômetros quadrados no período 2003-2004.
Batizada de Operação Curupira, em referência ao personagem do folclore brasileiro que protege as matas, a ação comandada pela Polícia Federal (PF) fez com que a Justiça Federal decretasse, na semana passada, a prisão de quase 130 pessoas supostamente envolvidas no esquema. A quadrilha atuava havia 14 anos, sobretudo em Mato Grosso, e contava com a participação de funcionários do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), empresários madeireiros e despachantes especializados na extração e transporte ilegal de madeira.
A Operação Curupira estima que a quadrilha tenha retirado ilegalmente quase dois milhões de metros cúbicos de madeira, o equivalente a 76 mil caminhões carregados. Segundo a ministra, esse era um dos maiores esquemas de corrupção envolvendo servidores públicos na Amazônia. "Esses servidores foram todos exonerados, afastados e alguns, presos", disse. A Operação Curupira prendeu 47 servidores do Ibama e também empresários e despachantes suspeitos de participarem da quadrilha. Até a última sexta-feira, mais de 80 prisões já tinham sido efetuadas.
Para Marina, a imagem do País deve melhorar conforme os resultados positivos aparecerem. "À medida que damos respostas, a opinião pública, tanto nacional quanto internacional, mudará sua opinião a respeito dos problemas que aqui acontecem", afirmou a ministra.
Em tempo real
Na sexta-feira, o Ibama instalou, em Cuiabá (MT), um sistema capaz de fiscalizar em tempo real o desmatamento. Na avaliação do diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Flávio Montiel, o equipamento, chamado de Deter, permitirá que ações como a da quadrilha presa pela Operação Curupira sejam mais rapidamente detectadas. Para identificar essa quadrilha, que tinha a participação de funcionários do Ibama, foram 20 meses de investigação realizada pela Polícia Federal, afirmou Montiel. "Agora, com o Deter, estaremos conectados via internet recebendo informações de 15 em 15 dias sobre a evolução da taxa de desmatamento no estado de Mato Grosso", disse o diretor do Ibama.Segundo Montiel, mais de 360 pessoas estarão envolvidas nesse processo de fiscalização, entre funcionários do Ibama, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal e Exército. No estado de Mato Grosso serão cinco unidades espalhadas por diferentes municípios. Ao todo, são 17 bases de operação em toda a Amazônia.
O Deter foi desenvolvido em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e recebeu investimentos de cerca de R$ 12,5 milhões, para a compra de equipamentos, como veículos, computadores e geoprocessadores.
Corte de madeira
O governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, anunciou na sexta-feira o congelamento das aprovações de licenças para o corte de madeira no estado e demitiu seu secretário do Meio Ambiente, Moacir Pires, que foi preso pela Polícia Federal após ser acusados de participar do esquema de exploração ilegal da floresta Amazônia.
Maggi, o maior produtor mundial de soja, é citado por grupos ambientalistas como um "dos incentivadores do desmatamento na Amazônia". Na sexta-feira, o governador e empresário disse que proporia uma moratória de três anos no desenvolvimento agrícola de seu estado, que está localizado na fronteira sul da Floresta Amazônica. "Por pelo menos três anos não emitiremos nenhuma autorização e realizaremos uma ampla discussão com toda a sociedade para determinar exatamente o que queremos". Blairo também afirmou que sua empresa, o Grupo Maggi, "não realiza novos desmatamentos há mais de 10 anos e que ela opera legalmente". Maggi disse estar "surpreso" com a prisão do mais alto funcionário da Secretaria do Meio Ambiente de seu estado e quer ajudar a alterar as políticas para o corte de madeira por meio de um consenso entre agricultores e ambientalistas. "Temos de decidir quais limites queremos adotar para o desenvolvimento da Amazônia", afirmou.

kicker: A Operação Curupira estima que a quadrilha tenha retirado ilegalmente quase dois milhões de metros cúbicos de madeira

GM, 06/06/2005, p. A4

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.