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Pará extrai ilegalmente 3 milhões de árvores

A Crítica, Brasil, p. A9
28 de Nov de 2003

Pará extrai ilegalmente 3 milhões de árvores
A exploração é ilegal na avaliação do Ibama, que chegou também a mais de mil guias florestais fraudadas e prejuízo de R$ 45 milhões

Daniel Beltra

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) decidiu partir para o confronto com o setor madeireiro, que promete fazer hoje um grande protesto em várias regiões do Pará contra a fiscalização federal. Divulgou em Belém uma auditoria que constatou a "ação criminosa" de 182 empresas, com a falsificação de documentos e sonegação de R$ 45 milhões.
0 volume do abate clandestino, de 3 -milhões de árvores, corresponde à carga de 2.50Q caminhões, que, enfileirados ocupariam 50 quilômetros de estrada. A auditoria, feita por procuradores e analistas ambientais do Ibama de Brasília e Belém, durou seis meses. 0 resultado das fraudes em 1.263 Autorizações de Transporte de Produtos Florestais (ATPFs) foi a comercialização ilegal de mais de 45 mil metros cúbicos de madeira.
De acordo com o gerente-executivo do Ibama rio Pará, Marcílio Monteiro, as madeireiras vão responder a inquérito administrativo e ação penal por dilapidar patrimônio ambiental e fomentar o desmatamento indiscriminado da floresta amazônica. A primeira providência após a conclusão da auditoria foi o encaminhamento imediato de 462 autos de infração no valor total de R$ 4,5 milhões contra as madeireiras envolvidas nas fraudes.
O Ministério Público Federal, por sua vez, vai processá-las por utilização indevida, adulteração e falsificação de documentos públicos.
Duas madeireiras são responsáveis por mais de R$ 2 milhões em ATPFs adulteradas: Indústria de Madeiras Rio Guamá, em São Miguel Guamá, e Pérola Madeiras do Pará, de Tailândia, no sudeste do Estado. A Operação Belém, como foi batizada a auditoria, apurou que Tailândia é a nova rota da ilegalidade na extração e venda de madeira: 30% das empresas investigadas estão localizadas no município.
Com a auditoria no Pará, explicou Monteiro, foi mostrada apenas a "ponta do iceberg" de irregularidades na venda de madeira no mercado interno. "Os danos à biodiversidade e aos ecossistemas são irreversíveis e quem perde com a dilapidação do patrimônio ambiental são as populações rurais desses municípios paraenses."
Transamazônica
Desde o dia 19 os madeireiros têm promovido ações contra a fiscalização. Ontem, os madeireiros desocuparam parcialmente a rodovia Transamazônica e levantaram o bloqueio de estradas vicinais na região de Altamira, sudoeste do Estado. Também desocuparam a sede do Ibama. Mas dirigentes dos sindicatos de empresas madeireiras estavam empenhados ontem na mobilização para fechar outras estrada do Estado hoje. Eles não quiseram comentar a auditoria do Ibama.

A Crítica, 28/11/2003, Brasil, p. A9

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