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Para Dilma, participacao brasileira na conferencia de Bonn foi vitoriosa

GM, Energia, p.A6
07 de Jun de 2004

Para Dilma, participação brasileira na conferência de Bonn foi vitoriosa

A participação do Brasil na Conferência Internacional para Energias Renováveis, realizada em Bonn (Alemanha) entre a terça-feira e a sexta-feira passadas, foi considerada positiva pela ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff. Segundo ela, os dois principais pedidos do País foram atendidos: a inclusão das hidrelétricas entre as fontes renováveis e o impedimento de se criar barreiras comerciais para a entrada de biocombustíveis no mercado internacional. Durante seu discurso na conferência, Dilma, que representava a América Latina e o Caribe, defendeu a utilização de energia de usinas hidrelétricas, inclusive as de grande porte, atitude contrária à opinião de representantes de organizações não-governamentais. As ONGs temiam que a divergência em relação aos países europeus, norte-americanos e produtores de petróleo, que não queriam a presença das grandes hidrelétricas entre as fontes renováveis, colocasse a perder todo o esforço da conferência. "A declaração final do encontro, consenso entre 154 países, demonstra que o temor não tinha razão de ser", disse. A exclusão das hidrelétricas do conceito de energia renovável estava sendo defendida por ONGs ligadas ao meio ambiente e aos atingidos por barragens. "Concordamos que não se pode desconsiderar a possibilidade de um impacto ambiental e social, mas isso pode ser resolvido com políticas que minimizem os impactos negativos." De acordo com a ministra, países africanos e asiáticos também defenderam a proposta e ameaçaram não assinar a declaração política caso as hidrelétricas fossem excluídas. O Brasil tem cerca de 76% de seu potencial hidráulico não explorado. No continente africano, a proporção passa dos 90%, enquanto os países desenvolvidos, já exploraram de 70% a 80% de seu potencial. "Ao contrário dos países desenvolvidos, ainda temos muito certificado de carbono para obter com a construção de hidrelétricas", disse Dilma. A ministra acrescentou que a reivindicação dos países em desenvolvimento de considerar a diversidade de circunstâncias, de responsabilidades e de capacidades entre as regiões também foi atendida. "Os países precisam desenvolver as fontes de acordo com a sua possibilidade", disse. Ela destacou que a energia eólica custa três vezes mais que a energia hidrelétrica, enquanto a solar chega a nove vezes, na mesma comparação. "Não há renda no Brasil que permita o desenvolvimento em larga escala dessas energias." Alguns representantes latino-americanos das ONGs também criticaram o discurso da ministra por considerar que isso poderia prejudicar o recebimento de financiamentos para projetos de energia alternativa. "O Brasil, que já foi uma das maiores lideranças dos países em desenvolvimento no que diz respeito a energias renováveis, renunciou à essa posição, deixando de conquistar financiamentos para a implementação de alternativas sustentáveis", disse Marcelo Furtado, coordenador de políticas para a América Latina do Greenpeace. Em resposta, a ministra ressaltou que a declaração indica que instituições financeiras para o desenvolvimento regional devem ampliar seus investimentos em eficiência energética e fontes renováveis. "Um ministro que trocasse a possibilidade de investimentos na área que corresponde a 95% da matriz energética, por outro que representam 0,5% do total gerado, trairia o País." Outra grande vantagem competitiva do Brasil, o álcool, foi contemplado com um item na declaração final da conferência que, embora não seja exclusivamente para combustíveis verdes, pode auxiliá-lo a ganhar mercado. O texto final indica "a necessidade de políticas que auxiliem o desenvolvimento de mercados prósperos para tecnologias em energia sustentável", e destaca a derrubada de barreiras comerciais. "Isso criará um constrangimento para os países eliminarem as barreiras contra o álcool", resumiu Dilma. GM, 07/06/2004. p. A6

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