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Para conservar práticas espirituais, aldeia no AM ganha escola de xamanismo

Globo Amazônia - http://migre.me/gtLP
Autor: Dennis Barbosa
14 de Jan de 2010

Dennis Barbosa Do Globo Amazônia, em São Paulo

A influência de culturas externas ameaça a tradição do xamanismo entre os índios. Para tentar salvar os conhecimentos tradicionais dos baniwas, foi criada na aldeia Uapuí, na Terra Indígena Alto Rio Negro, no noroeste do Amazonas, uma escola para que novas gerações aprendam as técnicas de cura espiritual criadas ao longo de séculos por esse povo da floresta. A inauguração aconteceu no final do ano passado.

"É uma escola para revitalização do conhecimento dos índios baniwas", explica o antropólogo Robin Wright, da Universidade da Flórida, nos EUA, que passou anos procurando patrocínio para o projeto, até conseguir apoio da Fundação para Estudos Xamânicos, sediada na Califórnia.

Wright conta que a chegada de missionários cristãos à região da Cabeça do Cachorro, onde fica a aldeia Uapuí, levou muitos índios a abandonarem suas crenças tradicionais.

Os pajés, a quem os índios atribuem o poder da cura por meio do mundo espiritual, foram perseguidos e acusados de práticas satânicas. Isso fez com que eles permanecessem somente em aldeias mais isoladas.

Os xamãs passam anos estudando para conseguir entrar em transe e, segundo acreditam os índios, buscar no mundo dos espíritos a receita de cura de cada doença, que então se dá com ingredientes naturais. "É um sistema de crença que nós não temos", comenta Wright.

Segundo o pesquisador, a formação de novos pajés é importante porque eles conhecem a cura para doenças específicas da área do noroeste da Amazônia, causadas por fungos, plantas ou animais, entre outros, que não foram estudados pela ciência.

Na maloca construída com apoio americano na aldeia Uapuí, um grupo inicial de 12 alunos de diferentes aldeias baniwas vai estudar por pelo menos dois anos para se iniciar na pajelança, embora a aquisição dos conhecimentos tradicionais seja algo que leva a vida toda entre os xamãs.

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