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Pará começa exportar mantas de fibra de coco

GM, Rede Gazeta do Brasil, p. B13
15 de Mar de 2005

Pará começa exportar mantas de fibra de coco

A primeira remessa foi enviada para Espanha. A manta será utilizada em palmilhas para calçados, principalmente botas.
Depois de consolidar nos últimos anos sua liderança nacional na industrialização de fibras naturais, o Pará começa a exportar seus produtos. Além dos carros da linha Fox, da Volkswagen, que utilizam a fibra do curauá (planta da mesma família do abacaxi), mantas de fibra de coco e látex começam a ser exportadas para a Espanha para utilização na fabricação de calçados. A remessa inicial, feita no início desta semana, é de 5 mil m² de manta, que serão utilizadas pela Uniline, localizada em Valência, em palmilhas para calçados, principalmente botas.
Segundo Marcus Büneker, presidente da Poematec, que produz as mantas em sua fábrica localizada no município de Ananindeua, na região metropolitana de Belém, a empresa espanhola é uma das principais produtoras de palmilhas para botas usadas no alpinismo e em caminhadas. "As mantas produzidas a partir de fibra de coco permitem melhor transpiração. Isso garante que os pés não suem. Por isso é considerado o melhor material para palmilhas de calcados de uso prolongado", afirma ele. O produto é utilizado por fabricantes de palmilhas de Franca, em São Paulo, e Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul.
A Poematec tem sua origem no Programa Pobreza e Meio Ambiente na Amazônia (Poema), da Universidade Federal do Pará (UFPA), que tem o objetivo de garantir o fomento da produção local dos pequenos produtores rurais da Amazônia, fornecedores de matéria-prima como a fibra de coco e o látex.
A matéria-prima é fornecida por oito unidades de processamento de fibras, todas localizadas no Estado do Pará e administradas por cooperativas comunitárias, gerando trabalho para 500 famílias na coleta da seringa.
Um projeto piloto de processamento de fibra de coco foi iniciado em 1993 na comunidade de Praia Grande, município de Ponta de Pedras, na ilha de Marajó, graças a um convênio de cooperação entre a Universidade Federal do Pará, via Poema, e a DaimlerChrysler AG. Hoje, a Poematec fornece assentos e bancos para as montadoras Mercedes Benz e Volkswagem, substituindo produtos à base de petróleo, como a espuma de poliuretano. É considerada a mais moderna fábrica do mundo na produção de artefatos de fibra de coco e látex.
Setor automobilístico
Já a Pematec Triangel (que apesar do nome parecido, não tem ligação com a Poematec), que está funcionando há um ano em Santarém, no oeste do Pará, produz atualmente 120 toneladas de mantas agulhadas mensais, utilizando duas fibras naturais da região, a juta e o curauá, que dá um produto com resistência mecânica, leveza, ausência de odor, suavidade ao toque facilidade na composição com outras fibras e ampla utilização na indústria automobilística.
As mantas são produzidas na unidade de Santarém e enviadas para a fábrica da Pematec em São Paulo, onde são transformadas em peças de acabamentos de veículos da Volkswagen, da GM, da Fiat, da Ford e da Honda.
São peças como o revestimento interno dos veículos, de portas e de teto, cobertura do compartimento de bagagens, porta pacotes e peças de acabamento do porta mala. Um terço dessas peças vão para o veículo Fox, da Volks, que a partir de julho estará sendo exportado para a China. O investimento total no empreendimento chegou até agora a R$ 47 milhões. A empresa emprega 250 pessoas, sendo que 70 funcionários trabalham na unidade de produção e 180 em sua fazenda, ambas localizadas em Santarém. E existem 200 famílias envolvidas na produção de curauá e outras 200 na produção de juta.
Esse número deverá crescer nos próximos anos, quando a Pematec ampliar sua capacidade de produção. Isso deverá ocorrer até 2006, quando a indústria atingirá sua capacidade nominal de 400 toneladas de mantas mensais. No ano seguinte será iniciada a ampliação física da fábrica, que deverá chegar a 800 toneladas mensais. Espera-se que o empreendimento, quando estiver consolidado, gere quatro mil empregos diretos e indiretos.

kicker: Projeto piloto para processar a fibra de coco foi iniciado em 1993
kicker2: De Santarém as mantas seguem para a indústria de autopeças de São Paulo

GM, 15/03/2005, Rede Gazeta do Brasil, p. B13

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