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Para CNBB, caso traz a tona urgencia da reforma agraria

OESP, Nacional, p.A7
15 de Fev de 2005

Para CNBB, caso traz à tona urgência da reforma agrária

Em nota divulgada ontem a respeito do assassinato da irmã Dorothy Stang, a presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) afirmou que ela foi "mais uma vítima da luta dos pobres pela terra". A morte da freira, segundo a nota, traz à tona a urgência de soluções para "dívidas sociais antigas e graves", entre elas "a verdadeira reforma agrária".
A nota foi assinada pelo presidente da CNBB, o cardeal Geraldo Majella Agnelo, pelo vice-presidente, d. Antônio Celso de Queirós, e pelo secretário-geral, d. Odilo Pedro Scherer. Eles se referiram à freira como "missionária corajosa e dedicada", que conhecia os riscos que seu trabalho envolvia.

O crime, classificado pela CNBB como um ato "vil" e "brutal", deve servir como estímulo aos que lutam de forma pacífica pela justiça social: "Que o sacrifício da vida de irmã Dorothy não seja em vão e seu exemplo continue sendo um estímulo para todos os que se dedicam aos pobres, aos pequenos e aos desarmados, e para os que acreditam na força da verdade e do amor."

O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), que reúne católicos e protestantes históricos, também manifestou indignação com a morte da irmã e lembrou a sua luta pela distribuição de terras no País. Na nota divulgada pelo conselho, a freira de origem americana é qualificada como "incansável defensora dos inalienáveis direitos humanos, econômicos, sociais e culturais daqueles e daquelas que querem vida e trabalho na terra". O texto conclui manifestando o desejo "de que o Brasil não desista do sonho de um futuro melhor, com reforma agrária e política agrária para todos e todas".

CAMPANHA

A CNBB e Conic lembraram que o assassinato ocorreu logo após o lançamento da Campanha da Fraternidade deste ano, cujo tema é solidariedade e paz.

As manifestações de representantes da Igreja Católica têm enfatizado a história de violências na região. Os bispos da CNBB Regional Norte 2, que engloba os Estados do Pará e Amapá, acusaram os fazendeiros e madeireiros de não respeitarem nada para atingir seus objetivos.

"Se a vida de uma religiosa indefesa é tirada dessa forma, como não são tratados os trabalhadores e trabalhadoras do campo", afirmaram, em nota divulgada no sábado. Ontem, a direção nacional da CNBB insistiu que o assassinato da irmã é mais um entre "tantos outros que não são divulgados".

Em todo o País, estão sendo programadas para os próximos dias manifestações em memória da irmã e contra a impunidade. Hoje haverá um ato ecumênico na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul. O convite divulgado ontem pela internet lembra que é preciso protestar contra os "crimes do latifúndio" e a "impunidade".

Cerca de 400 militantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) ocuparam ontem o centro de Teodoro Sampaio, no Pontal do Paranapanema, para protestar contra o assassinato de irmã Dorothy. A manifestação inicialmente tinha o objetivo de cobrar a apuração de possível negligência médica na morte da assentada Carmen Gonçalves, de 33 anos, ocorrida quinta-feira. Os líderes avaliam, porém, que as duas mortes têm relação, pois são "fruto da impunidade geral que impera no País".

OESP, 15/02/05, Nacional, p.A7

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