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Para Cimi, saída de Possuelo ajuda agronegócio

OESP, Nacional, p. A15
25 de Jan de 2006

Para Cimi, saída de Possuelo ajuda agronegócio

José Maria Mayrink

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), atribuiu a demissão do sertanista Sidney Possuelo do cargo de coordenador-geral de Índios Isolados a "uma intenção clara do governo de delimitar as terras indígenas para beneficiar o agronegócio, madeireiras e mineradoras".
Possuelo foi exonerado na segunda-feira, uma semana depois de ter feito duras críticas, em entrevista ao Estado, ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Pereira, pela política adotada no setor. Mércio havia declarado à agência de notícias Reuters que os índios têm "terras demais" no Brasil.
"A demissão de Possuelo é uma sinalização clara de que a posição do presidente da Funai não é só dele, mas do governo", disse o vice-presidente do Cimi, Saulo Ferreira Feitosa. Ele estranha que o governo tenha decidido exonerar o sertanista pouco depois de suas críticas. "Se havia dificuldades na área, por que a decisão foi tomada justamente agora?"
Feitosa observou que Possuelo foi a única voz que se levantou na Funai contra a política adotada pelo governo do PT para a a demarcação de terras indígenas. "O governo demarcou cinco áreas em 2005 e anunciou que só vai demarcar duas este ano", disse ele. "Nesse ritmo tão lento, o País precisará de 45 anos para atender às 827 demandas existentes de demarcação", calcula.

OESP, 25/01/2006, Nacional, p. A15

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