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Para acalmar sem-terra: Lula vai apresentar amanha um ambicioso projeto``para tentar resolver a vida de um milhao de familias ate 2006. O MST``e a Pastoral da Terra acham pouco. Ja os ruralista querem saber de``onde vira o dinheiro

CB, Politica, p.5
20 de Nov de 2003

REFORMA AGRÁRIAPara acalmar sem-terraLula vai apresentar amanhã um ambicioso projeto para tentar resolver a vida de um milhão de famílias até 2006. O MST e a Pastoral da Terra acham pouco. Já os ruralistas querem saber de onde virá o dinheiro

Lilian TahanDa equipe do Correio
Desde o começo do ano foram assentadas 21 mil famílias, um terço da meta anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a campanha. Mas para os próximos três anos de mandato, o governo promete melhorar em 5.000% o desempenho na reforma agrária em comparação ao que fez em 2003. Nesta sexta-feira, Lula se reunirá com líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Todos os três grupos estão acampados em Brasília para reivindicar as ações da reforma agrária. O presidente apresentará aos trabalhadores rurais os números do Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA).   O projeto do governo prevê solucionar o problema de um milhão de famílias de sem-terra até 2006. Fará isso em três frentes. Uma delas, o assentamento de 355 mil pessoas por meio da desapropriação de área agrícolas. Essa é a parte que custará mais caro ao governo, já que inclui a compra da terra e manutenção do agricultor no campo. A outra frente é a que mais engorda a nova meta do governo, mas que menos onera a União. Trata-se de regularizar a posse de 500 mil famílias que estão na terra, mas não têm a escritura da propriedade. A terceira opção será o assentamento de 150 mil famílias por meio do crédito fundiário.   O número que será apresentado oficialmente na semana que vem pelo governo, já circula entre os sem-terra. Os líderes do movimento acham pouco. Se for mantida, essa meta será ridícula. O governo não contará com o nosso apoio, disse João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST. Para dom Tomás Balduíno, presidente nacional da CPT, o atual governo indica que fará uma reforminha agrária igual a do presidente Fernando Henrique Cardoso. Foram assentados entre 1995 e 2001 segundo pesquisa do próprio governo 328,8 mil famílias.   O que parece pouco para os trabalhadores está além das possibilidades orçamentárias do governo. O projeto do governo enviado ao Congresso Nacional prevê R$ 630 milhões para a reforma agrária. Essa reforma prometida pelo governo só sai se houver milagre, diz o deputado Abelardo Lupion (PFL-PR), da Comissão de Agricultura da Câmara. O deputado estima que só a compra de um terreno de 25 hectares no Centro-Sul dos país custe em média ao governo cerca de R$ 10 mil. Dessa forma seriam necessários só para a aquisição de terras R$ 3,5 bilhões, dinheiro que o governo não tem.   Se a oposição se enganar e a promessa do governo chegar até o acampamento do MST em Porangatu (GO) a 500km de Brasília, o sacrifício de Antônio Souza de Oliveira, 60 anos, terá valido a pena. Ele acompanhou a marcha dos sem-terra de Goiânia a Brasília nos últimos nove dias. Na estrada passou mal, teve febre e dores nos pés. São 60 anos vivendo em terras dos outros. Conseguir um pedacinho para mim é um sonho, afirmou o trabalhador que está acampado no pavilhão de exposição do Parque da Cidade. O acampamento dos agricultores da Contag está localizado em frente ao Ministério da Fazenda.

CB, 20/11/2003, p. 5

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