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Países discutem venda de espécies ameaçadas

OESP, Economia, p. B7
04 de Jun de 2007

Países discutem venda de espécies ameaçadas
Na Holanda, 171 governos avaliam 40 propostas de liberação ou proibição do comércio de plantas e animais

Jamil Chade

O comércio de plantas e animais promete causar atritos diplomáticos nos próximos dias. Representantes de 171 governos estão reunidos desde ontem na Holanda para debater o futuro do comércio de espécies ameaçadas diante das preocupações com a preservação do meio ambiente. Mas as propostas terão impactos econômicos.

A União Européia (UE) quer dificultar o comércio de algumas espécies de madeira brasileira, como o cedro. O Brasil, por sua vez, quer restrições ao comércio de lagosta e a liberação do comércio do jacaré, hoje interditado. Há ainda propostas para limitar o comércio de corais para a fabricação de jóias e para banir o comércio de marfim.

A reunião ocorre no marco da Convenção de Comércio Internacional sobre Espécies Ameaçadas (Cites). Cerca de 40 propostas estão sendo debatidas. Entre os governos, ninguém nega que o comércio dessas espécies é um negócio lucrativo. Das 350 milhões de espécies de plantas e animais comercializados por ano apenas a Europa importou US$ 93 bilhões em 2005, segundo a entidade WWF. Os especialistas alertam que, sem controle, muitas dessas espécies podem desaparecer nos próximos anos.

'A diversidade biológica sofre muitas ameaças. Ao garantir que o comércio de vida selvagem seja administrado, podemos contribuir para a manutenção dessa diversidade', afirmou Achim Steiner, diretor do Programa da ONU para o Meio Ambiente. O problema é que os países não se entendem sobre o que deve e o que não deve ser limitado.

Os europeus insistem em incluir novas madeiras entre itens protegidos. Dados das Nações Unidas indicam que o mundo perdeu 0,8% de suas florestas por ano entre 1980 e 1990. Entre 1990 e 2000, a perda anual de cobertura florestal passou em alguns casos a 1%.

O mogno brasileiro está na lista de bens protegidos há poucos anos e a Alemanha quer agora a inclusão de outras três espécies de madeira da América Latina. No Brasil, o principal impacto será a restrição sobre o cedro. Os europeus não querem o fim do comércio do cedro, mas colocá-lo em uma lista de produtos que são rigorosamente controlados, que inclui, por exemplo, crocodilos, papagaios e orquídeas raras.

Por sua vez, o Brasil quer controlar a venda de certos tipos de lagosta. O argumento é que, 'depois de 50 anos de intensa exploração comercial, essas espécies sofrem com a pesca para a exportação aos mercados internacionais'. O País, porém, quer que o comércio de jacaré seja permitido, com regulamentação.

Questão importante do debate é até que ponto a renda das pessoas que trabalham com essas espécies deve ser considerada ao se restringir o comércio e animais e plantas. Entidades como a WWF defendem a criação de programas para ajudar as comunidades que sobrevivem dessa atividade.

OESP, 04/06/2007, Economia, p. B7

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