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Pai das leis ambientais recebe premio

OESP, Geral, p.A26
30 de Set de 2004

Pai das leis ambientais recebe prêmio
Paulo Nogueira Neto se diz satisfeito com o Prêmio Moinho Santista, mas também preocupado
Carlos Fronco
Abelhas fazendo mel, uma locomotiva na garagem, espécies raras no jardim. Na casa do paulistano Paulo Nogueira Neto, de 82 anos, no Morumbi, tudo é calmo e parece acompanhar o ritmo pausado de falar do homem que criou as primeiras leis brasileiras de meio ambiente e que recebe hoje o Prêmio Moinho Santista, que nesta 49.ª edição contempla pesquisadores da genética e do desenvolvimento sustentável.
Nogueira Neto dividirá a festa com a paulistana Anamaria Aranha Camargo, que participa do Projeto Genoma Humano; o paranaense Adriel Fonseca, que pesquisa o uso de efluentes de esgoto em irrigação; e o gaúcho Francisco Mauro Salzano, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Orgulhoso pelo prêmio? Nogueira Neto diz que orgulho é expressão arrogante e prefere dizer que está satisfeito e, ao mesmo, tempo preocupado. "Há dez anos, o mundo gastava US$ 1 trilhão em armamentos por ano, hoje gasta US$ 600 milhões, e continua investindo pouco para erradicar a miséria, algo como US$ 70 bilhões por ano enquanto seriam necessários US$ 250 bilhões para acabar com essa chaga em 20 anos." A miséria, diz, põe em xeque o desenvolvimento sustentável.
Nogueira Neto participou, nos anos 80, da comissão Comissão Brundtland, das Nações Unidas, comandada pela então primeira-ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland, em que o conceito de desenvolvimento sustentável foi criado como sinônimo do ecologicamente correto, economicamente viável e socialmente justo para permitir o desenvolvimento sem pôr em risco o futuro.
Primeiro a ocupar a Secretaria Especial do Meio Ambiente (1974-1986), hoje ministério, ele criou a legislação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto do Meio Ambiente (Rima). Hoje, acha que o País evoluiu na aplicação das leis, mas deixa escapar uma crítica: "Muitos não sabem ou não percebem que o clima tem um peso considerável na produção do agronegócio, nem mesmo alguns empresários do setor, apegados apenas a fenômenos físicos. O aquecimento do planeta pode levar anos para atingir 2 ou 3 graus, mas quando isso ocorrer teremos problemas seriíssimos. O melhor é evitá-los."
Criador de 18 áreas de preservação ambiental, como a de Tuim (RS) e Anavilhanas (AM), ele defende o melhor uso delas pelo turismo ecológico e não vê nenhum problema na produção de transgênicos, se estes ajudarem a combater a miséria.

OESP, 30/09/2004, p. A26

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