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Padre Ricardo denuncia trabalho escravo no Para

O Globo, O Pais, p.9
16 de Jun de 2004

Padre Ricardo denuncia trabalho escravo no Pará
BRASÍLIA. Nos últimos 35 anos, 445 fazendas do Sul do Pará exploraram o trabalho escravo. De 1969 a 2004, 19.843 trabalhadores foram encontrados nessas condições e apenas mil foram libertados. Os dados fazem parte do trabalho de doutorado do padre Ricardo Rezende, que se transformou no livro Pisando fora da própria sombra”.
Rezende viveu entre 1977 e 1997 no Sul e no Sudeste do Pará, na diocese de Conceição do Araguaia. Premiado defensor dos direitos humanos, ele integrou a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e, por sua atuação, chegou a receber ameaças de morte. Para concluir seu trabalho, o padre esteve nos últimos anos em cidades do Piauí e de Mato Grosso, estados que mais exportam a mão-de-obra escrava para as fazendas do Pará.
No livro, parentes contam seus dramas
No livro, o padre relata histórias de parentes de pessoas que foram trabalhar no Pará e nunca deram notícias. Em muitos casos, as famílias receberam apenas o corpo do trabalhador e descobriram que fora assassinado ao tentar fugir das péssimas condições em que trabalhava.
— Mesmo não indo aos lugares, as mulheres são vítimas desse processo. Sofrem muito pela ausência do filho ou do marido e pela absoluta falta de informação — conta o padre.
No livro, Rezende reuniu ainda o vocabulário dos peões, pelo qual eles expressam suas tentativas de resistência. Entre outros exemplos, há o peão bola”, que tenta escapar durante a viagem pulando do carro, e o peão macaco”, que se agarra em galhos de árvores para tentar escapar.

O Globo, 16/06/2004, p. 9

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