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Os verdes abandonam a base aliada

GM, Politica, p.A11
20 de Mai de 2005

Os verdes abandonam a base aliada
Gabeira: "Nósnão temos uma gota dágua. Nós temos um oceano de motivos". O PV cansou de reclamar contra a política ambiental do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e decidiu abandonar a bancada governista. A decisão foi comunicada na tarde de ontem pelos sete integrantes da bancada. De acordo com o líder do PV na Casa, Marcelo Ortiz (SP), o rompimento não significa migração para a oposição. Também não inclui a demissão do ministro da Cultura, Gilberto Gil. " O ministro Gil foi convidado pessoalmente pelo presidente Lula. Nós não participamos deste processo", resumiu Ortiz.
A bancada verde declarou que, "após 28 meses à espera do cumprimento dos compromissos programáticos no campo sócio-ambiental, a bancada decidiu retirar-se da base de apoio do presidente". Segundo a nota oficial, os desentendimentos vêm desde a importação de pneus usados, passando pela legalização dos produtos transgênicos e o projeto de transposição do São Francisco, culminando com o desmatamento de 26.130 quilômetros quadrados da Amazônia. "Nós não temos uma gota dágua. Nós temos um oceano de motivos", brincou o deputado Fernando Gabeira (RJ).
"Queremos colocar o partido em sintonia com os anseios da sociedade", afirmou Gabeira. Segundo ele, o PV apóia e participa do esforço de recuperação da imagem do Congresso Nacional e vai orientar sua ação parlamentar na crítica a uma política ambiental desastrosa e se identificar com as aspirações legítimas da sociedade por um caminho de renovação.
Os integrantes da bancada também estão preocupados com a má imagem do Congresso. Todos assinaram a CPI dos Correios e acreditam que, fora da bancada aliada, terão mais liberdade para agir. "É estranho que as mesmas pessoas que eram favoráveis às CPIs, ao chegar ao poder, ficam contra. Apoiamos esta CPI e todas as outras que surgirem", confirmou Gabeira.
Os parlamentares também citaram as políticas indigenista e nuclear do governo entre os fatores que contribuíram para que a bancada saísse da base aliada e se tornasse independente. "A morte por desnutrição de 38 crianças guaranis-kaiowás em Dourados (MS) revelou dramaticamente a ausência de uma política indigenista, assim como os projetos para a construção de mais uma usina nuclear são fatores que também nos impulsionaram para essa tomada de posição", afirmou Ortiz. Os deputados anunciaram a decisão ao líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). O petista limitou-se a pedir as razões e foi lacônico: "Lógico que este desfecho não é bom, mas as decisões foram tomadas com base em questões ideológicas".

GM, 20-22/05/2005, p. A11

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