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Os Tupinikim e os Guarani começam a recuperação ambiental de sua terra no Espírito Santo

CIMI-Leste
Autor: Markus Breuss
22 de Nov de 2007

Nos dias 15 e 16 de novembro, aconteceu o II Encontro "Replantar nossa Esperança" na aldeia Pau Brasil, em Aracruz, no Espírito Santo. O evento iniciou o processo de recuperação ambiental da terra dos Tupinikim e dos Guarani, devastada por anos de monocultivo de eucalipto, plantados pela empresa Aracruz Celulose.

Após conquistarem sua terra tradicional, que foi declarada como indígena em setembro deste ano, os povos precisam reorganizar e recuperar ambientalmente um ecossistema degradado pelo monocultivo de eucalipto, com os mananciais secos e o solo envenenado pelos agrotóxicos. No Encontro, os Tupinikim e os Guarani trocaram idéias sobre recuperação ambiental com outros povos indígenas e comunidades tradicionais.

Participaram do encontro mais de 150 pessoas das sete aldeias Tupinikim e Guarani, além de lideranças Pataxó (da Bahia), representantes de comunidades tradicionais do Rio Pardo (Minas Gerais) e de várias entidades.

Os Pataxó falaram sobre suas experiências de preservação e recuperação ambiental e sobre as ameaças da empresa de celulose Veracel. Uma estratégia da Veracel para avançar com o monocultivo de eucalipto é tentar cooptar lideranças com oferta de dinheiro.

Os representantes do Cimi Leste apresentaram a experiência Tupinambá da implementação de sistemas agroflorestais e a experiência Maxakali da "Volta da Mata", que, através de práticas agroecológicas, favorece a sucessão natural da floresta. Jovens Tupinikim falaram da experiência do viveiro da aldeia Pau Brasil.

O monocultivo de eucalipto também ameaça a sobrevivência de outras comunidades tradicionais, como os Geraizeiros. As empresas, que plantam eucalipto para produzir carvão, como a Gerdão, Floresta Minas, Replasa, V & M Florestal e Sidersa ocupam milhares hectares no norte de Minas Gerais, despejando os moradores das suas áreas. A comunidade Geraizeira Vereda Funda de Rio Pardo de Minas retomou uma área de 6.000 hectares e começou a reflorestar, com plantas nativas do cerrado, áreas que eram exclusivamente do eucalipto.

Os participantes do Encontro destacaram que se deve desconstruir os conceitos já pré-estabelecidos de "agricultura moderna" e reconstruir uma relação amorosa com a mãe terra, respeitando a biodiversidade. Também lembraram que a recuperação ambiental deve ser tratada na educação escolar indígena.

No fim do evento, um mutirão com mais de 60 pessoas plantaram cerca de 2.000 mudas de espécies nativas em dois hectares da terra. No fim da tarde, uma forte chuva caiu e todos emocionados lembravam que "Deus- Nhanderu está no nosso lado, estamos no caminho certo!".

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