VOLTAR

'Os povos do mundo se afirmaram em cima de textos poéticos', diz Cacique Juvenal Payayá em lançamento de livro na Flica

G1 https://g1.globo.com/
Autor: Danutta Rodrigues
11 de Out de 2018

Um ritual indígena a caminho do conhecimento. Assim foi o lançamento inédito do livro de poemas do Cacique Juvenal Teodoro Payayá, no final da tarde desta quinta-feira (11), em Cachoeira, no recôncavo baiano, durante a Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica).

Sob cânticos e danças, o público que ocupava as ruas da cidade foi levado por indígenas até a Fundação Hansen para conhecer a obra "Nheeguera", que em tupi significa "O Recado".

"Se eu não existo, por que vocês estão aqui?", disse o Cacique Juvenal Payayá ao iniciar o debate sobre a cultura indígena ao lado do Cacique Babau Tupinambá, e o secretário de Justiça Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHS), Cézar Lisboa.

Natural da região da Chapada Diamantina, o cacique é professor e poeta indígena, e já publicou diversas obras, entre romances, poemas, contos, artigos e crônicas. Liderança importante na luta indígena, Cacique Babau fez parte do debate que enalteceu a importância do resgate da cultura dos povos ancestrais.

Com a palavra, Cacique Juvenal:

"A cultura indígena, não escrita, é tão sólida que eu não conseguiria nem entrar dentro dela. Tentaram dizimar nossa cultura desde 1500 e hoje nós estamos resgatando ela através da poesia, desse texto escrito"

"O objetivo é louvar os nossos ancestrais, a luta que os povos indígenas tiveram nesses 500 anos. Os povos do mundo se afirmaram em cima de textos poéticos", disse Juvenal Payayá.

"Nheeguera é como um recado. É um recado ao mundo, ou seja, os povos indígenas continuarão lutando para existir. Eu não quero mais 500 anos. Eu quero 500 e mais 500".

"Os povos indígenas são tão fortes na sua luta. Infelizmente perdemos a nossa língua, mas somos capazes de resgatar a nossa cultura seja lá em que língua for".

"Um dia nós vamos nos cumprimentar em tupi".
Com a palavra, Cacique Babau:

"O povo tupi foi tão odiado pelos portugueses que eles copiaram tudo de nós. É assim que as nações matam as outras"

"Na guerra só vence quem tem água e comida. A maior arma do homem é a barriga cheia. E as pessoas querem matar o que é nosso. Nos transformar em alguém incapaz?"

"Tupinambá nunca admitiu se render. Servir de escravo. E por isso foi considerado inimigo da coroa portuguesa"

"Esse país é meu. Essa terra é minha. E esse mar é meu! Cada nação tupi morreu defendendo essa nação"

"Nós estamos entrando nas universidades para provar isso, que tudo que era belo e nosso, eles copiaram e disseram que eram deles".

https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2018/10/11/os-povos-do-mundo-se-a…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.