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Os isolados da seca na Amazônia: o drama de quem não tem água para beber

Amazônia Real - https://amazoniareal.com.br
Autor: Leanderson Lima
23 de Ago de 2024

Manaus (AM) - Isolados e se alimentando do que conseguem colher na roça ou se aventurando a atravessar a fronteira para pescar. Os moradores de comunidades indígenas amazônicas lutam para não voltar para casa sem ter o que comer ou beber. Água potável? A água barrenta é levada ao fogo, na esperança de que a fervura devolva alguma pureza. Um pano comum serve de filtro. No improviso, muitas comunidades estão "se virando" para superar uma estiagem que se imagina ser tão severa quanto a de 2023. Atualmente, 20 municípios e mais de 250 mil pessoas são afetadas pela seca severa no Amazonas, de acordo com a Defesa Civil Estadual.

Na capital Manaus, o rio Negro chegou nesta sexta-feira (23) à marca de 21,93m. No ano passado, no mesmo período, o nível estava em 24,83m. No município de Tabatinga, o Solimões registrou 0,4m. No ano passado, nesse mesmo dia, o rio marcava 2,61m.

O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) expediu nesta sexta-feira o Alerta de Vazante do Amazonas de 2024. Aumentou a probabilidade de novas marcas históricas na estiagem deste ano. Em Tabatinga, o Solimões tem 65% de chance de superar a marca mínima de 2023. Em Manaus, esse percentual é de 16%, com o Negro ultrapassando os 12,70m de 2023. É a primeira vez que a CPRM emite alerta de seca em sua história.

Miryam Tikuna, líder indígena moradora da comunidade Filadélfia Ūtchigüne, onde vivem 387 famílias, no município de Benjamin Constant (a 1.533 quilômetros de Manaus), na região do Alto Solimões, revela que nas últimas semanas, os indígenas de seu povo passaram a arriscar a sorte pescando em águas do Peru. No lado do Brasil, os peixes estão morrendo nas altas temperaturas.

"Isso está sendo mais perigoso ainda, porque daqui a pouco, os peruanos, nossos vizinhos, podem não gostar disso. Se a situação piorar, eles vão começar a revidar, a proteger o território deles, porque eles também precisam", admite.

Ela conta que Benjamin Constant, um dos municípios mais afetados pela seca, possui poucos lagos e igarapés. Essa condição hidrológica dificulta o suprimento de necessidades emergenciais, pois há menos opções para pescar. As embarcações estão sem acesso à cidade e os moradores se sentem ilhados.

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