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Os desafios de Uribe

Correio Braziliense-Brasília-DF
07 de Ago de 2002

Álvaro Uribe Vélez assume a Presidência da Colômbia com uma difícil missão: oferecer segurança aos colombianos. O principal desafio será deter a guerra civil. Depois da ruptura das negociações de paz do governo com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), no início do ano, a guerra civil tomou proporções nunca vistas.

A estratégia de Uribe passa pelo fortalecimento do Estado. A possibilidade de negociação de paz com os grupos armados está descartada em um primeiro momento. Depois do fracasso da política de diálogo do presidente Andrés Pastrana, que apostou tudo nas conversações com as Farc, não há ambiente político para sentar-se à mesa com a guerrilha. Será o momento de medir forças no campo de batalha. Por isso, em vez de negociação e guerra, será o tempo de guerra e, quem sabe no futuro, negociação. Pois até os militares entendem que a solução do conflito só poderá ocorrer pelo diálogo.

Para não dar trégua aos grupos guerrilheiros de esquerda e paramilitares de direita, o chefe de governo pretende aumentar a presença do Estado no território colombiano e reforçar as Forças Armadas. Os militares ganharão mais recursos, os contingentes serão ampliados e se pedirá maior participação da comunidade na luta contra a insurgência. Além disso, o novo presidente precisa dar respostas aos graves problemas sociais do país - com 60% da população na pobreza e 16% desempregada - e alavancar a retomada do crescimento econômico.

Para cumprir esses objetivos, Uribe conta com os Estados Unidos. Os dois países têm coincidência de objetivos. A Colômbia é, depois de Israel e Egito, o país que mais recebe ajuda militar norte-americana. Foram US$ 2 bilhões em quatro anos. Na semana passada, o presidente George W. Bush assinou a lei de ajuda contra o terrorismo na Colômbia, permitindo o uso contra os insurgentes das armas fornecidas para combater o narcotráfico. Embora a perspectiva de um novo Vietnã pareça exagerada, a dinâmica do conflito e os interesses norte-americanos determinarão o papel dos EUA na Colômbia.

Diante desse quadro, o Brasil, país que compartilha 1,6 mil quilômetros de fronteira com a Colômbia, não pode permanecer inerte. O presidente Fernando Henrique Cardoso já se comprometeu, durante a visita de Uribe a Brasília, a compartilhar dados do recém-inaugurado Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), uma maneira inteligente de ajudar o país vizinho sem se imiscuir em seus problemas internos. Devemos manter firmemente nossa posição contrária a um envolvimento direto no conflito, como pretendem os Estados Unidos. A melhor ajuda que podemos dar ainda é impedir que a produção do narcotráfico, principal fonte de recursos da guerrilha, continue sendo escoada pelo território brasileiro. Sem dinheiro nem armas a insurgência fenecerá naturalmente.

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