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Os compromissos indígenas

A Tribuna-Rio Branco-AC
20 de Abr de 2004

O IV Encontro de Cultura Indígena, se tiver a intenção mínima de fazer uma intervenção real na vida dos povos indígenas do Acre, deve debater sem medo a questão da invasão de madeireiras na região de fronteira com o Peru. Além desse problema, há também a questão do narcotráfico que sempre compromete a qualidade de vida e a tranqüilidade das populações tradicionais do Juruá mata a dentro.

Nenhum dos tópicos traz novidade para Francisco Pianta, secretário extraordinário dos Povos Indígenas, e para o governador do Estado, Jorge Viana. Ao contrário, Viana, quando de sua última viagem para Pucalpa fez duras cobranças para o Presidente do Departamento em relação à invasão de madeireiras em terras acreanas para a extração ilegal de madeira. Na ocasião, Viana levou na bagagem a reclamação para o corpo diplomático brasileiro discutir a questão com o presidente Alejandro Toledo. Não está descartada a discussão dessa questão com o chanceler peruano na próxima quinta-feira aqui em Rio Branco.

O Encontro de Cultura Indígena não pode ficar alheio a essas discussões. Não há espaço nem paciência, tanto para a opinião pública quanto para o próprio povo indígena, para os falsos debates sobre etnia, comportamento e formatação de novos paradigmas antropológicos. Índios, atualmente, necessitam de presença do poder público como a que foi realizada pelo governador Jorge Viana para a etnia Naua. Uma escola de Ensino Médio chegou às cabeceiras do rio Juruá e atenderá a todas as comunidades, indígena ou não daquela localidade.

Os encontros indígenas têm uma obrigação moral e política com o fortalecimento de um projeto que inclua, cada vez mais, a defesa das populações tradicionais na pauta da oficialidade. Jogada de marketing político ou não, a presença do governador Jorge Viana na Foz do Breu traçou um novo parâmetro para a atuação de governantes no interior do Estado. O fato é que depois de Viana o mandatário que se atrever a não estar presente, senão física ao menos institucionalmente nas cabeceiras dos rios, terá os dias de mandato contados. Os encontros indígenas devem manter acesa essa lembrança para o bem de todos os que por essas bandas vivem. Caso contrário, pode haver a perpetuação dos erros de administrações que sempre negaram a condição florestal do Acre

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