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Organização católica escolheu defesa do índio para tema da Campanha da Fraternidade

O Estado de S. Paulo-SP
28 de Out de 2001

Campanha da CNBB em 2002 deve esquentar debate sobre o tema

As tensões entre índios e proprietários rurais deverão ficar mais expostas nos próximos meses. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) escolheu a questão indígena como tema para a Campanha da Fraternidade em 2002, com o lema Por Uma Terra Sem Males. Isso ampliará o debate sobre o tema em todo o País, com ênfase na questão dos direitos dos povos indígenas à terra.

Uma das mais atuantes e radicais organizações que atuam em defesa do índio é o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), vinculado à CNBB. Além disso, a Igreja Católica conta com dezenas de organizações missionárias, assistenciais e educacionais atuando no meio indígena, muitas vezes com recursos de organizações estrangeiras.

Há uma semana realizou-se em Indaiatuba, no interior de São Paulo, um encontro regional de coordenadores diocesanos para reflexões sobre a campanha. Entre as pessoas convidadas para falar na ocasião encontrava-se o advogado Marco Antonio Barbosa, que desde 1981 atua em defesa dos índios guaranis, no Mato Grosso do Sul. Na ocasião ele recomendou a luta pela posse da terra, pois as chances na Justiça têm sido sempre favoráveis: "Não vejo uma perspectiva negativa nas causas indígenas. Vejo tudo de forma positiva.

Em 20 anos trabalhando com essas causas, nunca enfrentei uma derrota jurídica. Todos os processos que foram encaminhados resultaram em terra para os índios."

Barbosa também disse na ocasião que os índios não podem ser considerados minorias. "As minorias não reclamam territoriedade e direito; os índios reclamam. Os índios não reclamam igualdade de direitos e sim, direito à diferença. Povo, território, diferença e autodeterminação é o que distingue os povos indígenas das minorias."

Essas reivindicações são vistas entre alguns proprietários rurais como passos para a conquista de um Estado independente. Outro indicador seria é a freqüente utilização, entre antropólogos, da expressão "sociedade indígena".

É como se a vissem separada do conjunto da sociedade brasileira, segundo os proprietários. (R.A.)

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