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Operar o sistema elétrico está mais 'difícil e estressante', diz diretor do ONS

OESP, Economia, p. B1
21 de Mai de 2014

Operar o sistema elétrico está mais 'difícil e estressante', diz diretor do ONS
Segundo Hermes Chipp, modelo atual de energia no Brasil, com usinas com reservatórios menores por conta das questões ambientais e o foco na redução de custo, e não na segurança do abastecimento, formam um cenário complicado para o setor.

Alexa Salomão / André Magnabosco

O engenheiro Hermes Chipp, diretor-geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), órgão responsável pela gestão do setor elétrico, não se cansa de afirmar que não há risco de racionamento no País, mas ontem, diante de uma plateia com executivos e empresários, disse que está mais árduo operar o sistema elétrico. "Está ficando cada vez mais difícil e estressante - não há reservatórios e, com isso, há mais geração térmica", disse durante evento organizado pelas federações das indústrias de São Paulo (Fiesp) e do Rio de Janeiro (Firjan) na capital paulista.
Chipp avaliou vários componentes que tornaram a lógica do setor bem mais complexa nos últimos anos: reservatórios menores por causa de pressões ambientais; um modelo pautado principalmente no menor custo da energia, e não em garantir maior segurança de abastecimento; e a necessidade crescente de transferir energia entre as regiões e de maior volume de térmicas em operação.
Chipp destacou que novas hidrelétrica vão adicionar cerca de 20mil MW ao sistema ao longo dos próximos anos. Desse total, porém, apenas aproximadamente 200 MW serão atendidos por projetos com reservatórios, o que, segundo ele, reduz a segurança do sistema. "A eólica suprirá a necessidade? Não podemos contar apenas com isso. Para garantir o atendimento, vamos precisar operar mais térmicas", complementou Chipp, sinalizando uma mudança no modelo de abastecimento energético do País.
Procurados pela reportagem do Estado, os Ministério das Minas e Energia e o Planalto não quiseram comentar as declarações de Chipp, mas suas ponderações foram bem-recebidas por representantes de associações do setor elétrico. "Chipp está coberto de razão", disse o presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage), Flávio Neiva. "Com o consumo aumentando e os reservatórios menores, fica mais complicado operar o sistema."

Racionamento. No que se refere à necessidade de o País adotar um eventual racionamento de energia, Chipp manteve o discurso: "Se a afluência no período seco de junho a novembro estiver próxima do valor esperado, não teremos problemas", disse logo após o evento, em conversa com jornalistas. "E, se houver alguma visão do operador de que, com a afluência que está chegando, não haveria condições de atender trabalhando do lado da oferta, vamos propor outras medidas. Mas até agora não há necessidade."
Ainda assim, reforçou que o País precisa de toda a energia possível: "Hoje, qualquer energia firme que for colocada no sistema é importante. Não me refiro apenas a 400 MW, mas a 200 MW, 100 MW, o que tiver."

OESP, 21/05/2014, Economia, p. B1.

http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios-energia,ons-diz-que-op…

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