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Operação de guerra retira mogno apreendido

Estado de S.Paulo-SP
Autor: EDSON LUIZ e DIDA SAMPAIO
20 de Fev de 2002

São 20 mil m3 extraídos ilegalmente no Pará, com valor ainda não calculado

Fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) armaram uma operação de guerra no noroeste do Pará, em plena Floresta Amazônica, para retirar cerca de 20 mil metros cúbicos de mogno apreendidos. A madeira, cujo valor ainda não foi calculado, está sendo transportada pelos rios da região até a cidade de Altamira, onde só deverá chegar em meados de março. O Ibama também recebeu denúncia de que outros 21 mil metros cúbicos de mogno estão estocados perto de uma área dos índios caiapós, nas imediações do município de Redenção.

A operação está sendo coordenada pelo chefe da Fiscalização do Ibama, Leylande Barroso, que comanda 50 homens, entre eles policiais militares do Pará. A princípio, trata-se da maior apreensão feita nos últimos anos na Amazônia. A madeira estava armazenada na Fazenda Jurilândia, às margens do Rio Iriri, a 140 quilômetros de Altamira. A pretensão do governo é doar toda ou parte da madeira apreendida para que o Programa Comunidade Solidária erga casas populares.

Somente na região conhecida como Terra do Meio, o Ibama está retirando 10 mil metros cúbicos de mogno, cujo valor pode chegar a R$ 30 milhões, segundo técnicos do órgão. Toda a madeira está sendo retirada da floresta por tratores e colocada às margens do Rio Carajaí, onde é presa em balsas com aproximadamente 180 toras cada. "Para chegarmos ao destino final, deveremos levar em torno de 80 dias", avalia Barroso, que conta com a ajuda do Batalhão de Infantaria de Selva, do Exército, e do Batalhão Florestal da PM.

A madeira apreendida no Pará pertence ao que as autoridades ambientais e do Ministério Público chamam de "máfia do mogno", liderada por madeireiros da região da Transamazônica.

Um relatório de promotores locais mostra que a devastação ambiental provocada pela extração das árvores é muito grande. "Além de tirar espécies nobres, como mogno, os predadores derrubam grande quantidade de outras árvores, como sucupira, freijó, massaranduba, andiroba, jatobá e outras, chegando ao extremo de destruir cerca de 50 metros em torno de cada árvore de mogno abatida", conta o promotor Mauro José Mendes de Almeida.

'Investimento' - A máfia, segundo investigações do Ibama e Polícia Federal, investiu em torno de US$ 2 milhões na região da Transamazônica, tornando a extração ilegal um grande empreendimento. Na Fazenda Jurilândia, por exemplo, foram apreendidos 28 caminhões, uma balsa, dez carros, dois aviões, dois tratores de grande porte, usados para retirar a madeira do meio da floresta e 21 motosserras, equipamento utilizado para derrubar pequenas árvores em torno do mogno. "A operação desencadeada pelo governo federal desmontou o esquema", afirma Leylande.

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