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Operação Curupira 2 prende 16

CB, Brasil, p. 16
19 de Ago de 2005

Operação Curupira 2 prende 16

Dezesseis pessoas acusadas de integrar uma quadrilha especializada na extração ilegal e venda de madeira foram presas ontem, numa operação batizada pela Polícia Federal de Curupira 2. A quadrilha, que agia em Mato Grosso e Rondônia, extraiu quatro milhões de metros cúbicos de madeira, destruindo 108 mil hectares de floresta. 0 custo de reparação da área foi estimado em R$ 320 milhões.
Iniciada durante a manhã, a operação mobilizou 105 policiais e dez funcionários do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (lhama). Entre os presos estão dois funcionários do Ibama, Ilson Oliveira Nascimento e José Magalhães, despachantes e empresários. 0 procurador da Advocacia-Geral da União, Elielson Ayres de Souza, afirmou que em cinco anos a quadrilha retirou ilegalmente quatro milhões de metros cúbicos de madeira, o que resultou na devastação de cerca de 108 mil hectares de floresta - uma área três vezes maior do que a devastada na Operação Curupira.
Souza informou que o custo de reparação dos estragos feitos pela quadrilha seria de R$ 320 milhões. "0 esquema usava seis empresas fantasmas. E a madeira era vendida em Ji-Paraná, em Rondônia", afirmou Souza. Um dos integrantes do grupo teve seu nome citado também na Operação Curupira, deflagrada em junho, que desbaratou uma quadrilha com modo de operar semelhante: usava documentos falsos para vender madeira extraída de forma ilegal.
0 elo entre os dois grupos é um engenheiro florestal que conseguia, a partir do pagamento de propina para funcionários do Ibama, autorizações irregulares de planos de manejo. Tal certificado era usado para "esquentar" madeira retirada de outras áreas, incluindo as indígenas. "Num das - de plano de manejo, constava a existência de mogno. Tudo irreal. A madeira era retirada de áreas indígenas e vendidas legalmente", disse Souza.
Segundo o diretor de proteção ambiental Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) Flávio Montiel, madeira apreendida será doada para entidades sociais. "Conforme previsto na legislação, pode ser feito o processo de doação a entidades de cunho beneficente e social para atender a escolas, igrejas, entidades que trabalham com questões sociais ou para o próprio Exército, com o objetivo de fazer manutenção de pontes na Amazônia', disse ele.
Montiel conta que, das 22 pessoas que tiveram decretada prisão preventiva, 16 já foram presas. Terão retenção e apreensão de seus bens, além do bloqueio de suas contas bancárias. "Aprofundamos as investigações de crimes que ocorreram envolvendo empresários do setor madeireiro, fazendeiros, pistoleiros e dois servidores do Ibama. A operação já vinha sendo realizada com a parte investigativa há três meses, e hoje (ontem) se deflagrou a parte mais visível que são as prisões e apreensões de bens", disse ele.

CB, 19/08/2005, Brasil, p. 16

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