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Operação combate conflitos no Pará

A Tarde-Salvador-BA
09 de Nov de 2003

As ações serão centralizadas entre São Felix do Xingu e Altamira, onde ocorrem as grandes demandas fundiárias

Os governos federal e do Pará iniciam, esta semana, uma intervenção do poder público na região conhecida como Terra do Meio, entre São Félix do Xingu e Altamira, no sudoeste do Estado. No local ocorrem os maiores conflitos fundiários e ambientais do País, com pistolagem e registro de trabalho escravo. Há dois meses oito trabalhadores rurais foram assassinados em disputa de terra na região. Foram cerca de 40 mortes este ano.

Hoje e amanhã, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, acompanhado pelo diretor da Polícia Federal, Paulo Lacerda, e do procurador-geral da República, Cláudio Fontelles, além do secretário especial dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda, visita a região e se encontra com o governador Simão Jatene e autoridades policiais locais para definir a ação. "Vamos colocar em prática um novo projeto de ocupação da terra", afirmou Thomaz Bastos, que demonstrou preocupação quanto ao asfaltamento da rodovia Cuiabá-Santarém. "Temos que ver quais serão os problemas ambientais".

Conhecida como "Terra do Meio", a região é hoje uma das mais violentas do País, onde o preço de cada vida depende de quem manda matar e de quem será a vítima. "Varia de acordo com o poder econômico do mandante e a importância da pessoa que será assassinada", explica o delegado José Alcântara Neves, chefe do Divisão de Conflitos Agrários da polícia paraense. Segundo relatório feito pelo procurador da República Mário Lúcio de Avelar, há pelo menos três grandes grupos de pistoleiros atuando na região, mas apenas um deles foi preso - o madeireiro Aldemir Lima Nunes, que fugiu esta semana da prisão em Marabá.

A área é de intensos conflitos agrários, causados principalmente pela grilagem de terra, uma atividade que se tornou corriqueira na região, principalmente pela indefinição quanto ao grande volume de terras devolutas e sobrepostas. "O governo do Pará tem um plano para resolver esta questão que vamos discutir em Belém no domingo (hoje)", afirma Thomaz Bastos. "É necessário fazer a geocupação da região".

Outro assunto que deverá ser discutido no encontro é o narcotráfico na Terra do Meio. Relatórios confidenciais do Ministério Público Federal mostram que o traficante Leonardo Dias Mendonça tem pelo menos 14 propriedades próximas a São Félix do Xingu e mais de 50 mil cabeças de gado. O mesmo relatório mostrou que madeireiros agem tranqüilamente dentro das terras dos índios apiterewa, entre outras.

"Há uma forte grilagem no interior da área. Eles (os madeireiros) agem, corrompem, subornam pessoas e, se preciso, matam. Há muita derrubada lá dentro, sendo que a área é estratégica porque só lá tem mogno", diz o relatório feito pelo Ministério Público Federal. Em alguns casos, os próprios índios são cooptados para ajudar na retirada ilegal da madeira

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