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Opção pela água e pela superação do monocultivo

Brasil de Fato - www.brasildefato.com.br
Autor: Pedro Carrano
29 de Jul de 2010

Na Grande Curitiba, os agricultores familiares Eder Laureano Martins, e o pai, Mario Antonio, há quase dez anos usaram pela última vez agrotóxicos na propriedade de sete hectares. Hoje, produzem, no município de Mandirituba (PR), mais de vinte variedades de hortaliças e começam a avançar na plantação de morango orgânico - cultivo que, de acordo com dados da Anvisa, entre amostras de supermercado, apresenta 43,6% com agrotóxico acima do recomendável. "Muitos produtores deixam uma parte selecionada para a família, e vendem o resto. Não querem aquele veneno que estão plantando", critica Eder.

Sua produção passou por análise da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e nenhum defensivo foi encontrado. É uma exceção na vizinhança onde produzem. Ao redor estão as culturas de soja, milho e feijão tradicionais. A região de Mandirituba é marcada também por grandes plantações de camomila para a produção de chás, mas que não dispensam o uso de defensivos. Pinus e eucalipto também fazem parte da paisagem do entorno.

Eder define por agroecologia a superação do monocultivo para não desgastar o solo, o policultivo em rotação para evitar a produção de doenças e a preservação das nascentes, por meio do uso racionalizado de água e da técnica do "gotejo". Nesta técnica, até metade é economizada em comparação com a técnica convencional de irrigação. Embora o solo tenha a aparência de estar seco à primeira vista, na realidade o local do cultivo permanece úmido na quantidade suficiente. Uma faixa de vegetação é deixada ao redor dos cultivos - o que protege a mata ciliar. O que não os impede de participar de feiras da capital e encontrar mercados. Eder lamenta a falta de cooperativa orgânica, apesar de na região terem contato com ao menos outros vinte produtores, mas poucos se associam a partir da técnica alternativa.

Livres de transgênicos

Larissa Parker, da Terra de Direitos, analisa que decisão recente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) coloca a possibilidade de aplicação de lei municipal para proibição do cultivo de transgênicos para não prejudicar o plantio local. Isso pode ser uma ferramenta de pressão por "áreas livres de transgênicos", como explica. Há a possibilidade, de acordo com ela, de pressão sobre os municípios para avaliação dos impactos dos transgênicos e dos agrotóxicos utilizados em cada local. O Brasil apresenta cerca de quatro precedentes jurídicos neste sentido.

"Cercamento tecnológico" é a expressão usada pela advogada da Terra de Direitos para falar da situação em que pequenos agricultores são donos do território, mas o "pacote tecnológico" os submete ao risco de contaminação da lavoura pelas sementes transgênicas, como no caso do milho, e do uso do agrotóxico, por necessidade do mercado. Este cenário torna difícil a coexistência entre os dois modelos. "A coexistência para o grande é acabar com o pequeno", define Larissa.

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