OESP, Vida, p. A17
02 de Set de 2009
ONU pede a países ricos investimento de 1% do PIB
Jamil Chade
Genebra
As nações ricas devem investir a cada ano 1% do PIB mundial em medidas de adaptação e de mitigação nos países em desenvolvimento se quiserem evitar o impacto negativo das mudanças climáticas nos próximos anos e ainda permitir que milhões de pessoas saiam da pobreza.
O alerta ed a ONU,que lançou ontem uma iniciativa para convencer governos a destinarem entre R$ 950 bilhões e R$ 1,1 trilhão a cada ano às medidas de adaptação. As Nações Unidas já estão chamando a iniciativa de Plano Marshall Ambiental, em referência ao programa criado pelos Estados Unidos entre 1947 e 1953 para reconstruir a Europa após a Segunda Guerra Mundial e que usou na época 1% do PIB americano.
A entidade admite que vários outros estudos indicaram que o mundo precisaria de 0,2% a 2%para lidar com as mudanças climáticas. Estimativas apontam para R$ 2,3 trilhões.
"A ideia é que o compromisso de 1% seja aplicado imediatamente, por meio de um fundo global", alertou o diretor do Departamento de Desenvolvimento da ONU, Richard Kozul-Wright, que rejeita a possibilidade de deixar o assunto para ser resolvido pelo mercado.
Os americanos teriam de garantir 47% desse total de recursos, cerca de R$ 475 bilhões. Os europeus seriam responsáveis por 32% do valor, enquanto os japoneses pagariam 11% da conta final.
Só a Europa deu a primeira indicação de que vai contribuir e, ainda assim, com apenas R$ 270 bilhões por ano. "O financiamento para enfrentar as mudanças climáticas deve refletir a responsabilidade histórica", disse Kozul-Wright. "Temos de permitir que os emergentes tenham um crescimento de 6% a 8% ao ano."A ideia é que o modelo de desenvolvimento seja baseado em energia limpa. De acordo com a ONU, a floresta brasileira também teria de ser beneficiada com o dinheiro internacional para garantir que o ritmo do desmate caia.
INADIMPLÊNCIA
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, admitiu ontem que ignorava o fato de o Brasil estar inadimplente há três anos na Organização Meteorológica Mundial, braço da ONU para discussão sobre a mudança do clima. Mas antecipou que o "Brasil tem de pagar" o valor devido. O Ministério do Planejamento informou que pagou uma parcela de US$ 506 mil e que vai encaminhar pedido de crédito suplementar para quitar a dívida. Colaborou Denise Chrispim Marin
OESP, 02/09/2009, Vida, p. A17
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