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ONU: combater aquecimento é barato e viável

O Globo, Ciência, p. 39
05 de Mai de 2007

ONU: combater aquecimento é barato e viável
Relatório do clima afirma que há recursos para evitar que mundo sofra e diz que decisão está nas mãos dos políticos

O aquecimento global é controlável e o seu combate não tem um custo proibitivo nem trará recessão econômica. Evitar que o mundo sofra com as conseqüências devastadoras das mudanças climáticas depende principalmente de vontade política dos governos. Esta é a mensagem principal do terceiro relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), apresentado ontem em Bangcoc, na Tailândia. O relatório apresenta um pacote de sugestões para combater o aquecimento global e amenizar os efeitos das mudanças climáticas.

Depois de disputas durante toda a semana entre países emergentes e desenvolvidos, os representantes de mais 100 nações conseguiram chegar a um consenso. O texto não traz a declaração de que a culpa pelo aquecimento global é principalmente dos países ricos, como queriam China, Índia e Brasil.

Porém, apresenta sugestões que conseguiram satisfazer os delegados de todos os países.

- O texto final é bem moderado e ficou bom. Mostra metas que podem ser alcançadas - disse o professor de Planejamento Energético da Coppe/ UFRJ Roberto Schaeffer, um dos autores do terceiro relatório do IPCC.

O relatório diz que para limitar o aumento da temperatura média da Terra em dois graus Celsius - considerado inevitável - será preciso gastar o equivalente a entre 0,2% e 3% do PIB global em 2030. Esses recursos seriam usados em tecnologias e medidas para alcançar em 2050 uma redução de até 85% em relação ao volume de 2000 das emissões de gases do efeito estufa, principalmente CO2.

O diretor do programa de Mudanças Climáticas do Instituto de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Reino Unido, Saleem Huq, que participou das reuniões do IPCC, diz que cientistas, economistas e especialistas em política estão de acordo que o aquecimento global pode ser controlado a um custo "insignificante". A responsabilidade está nas mãos dos políticos, frisaram os cientistas do IPCC.

- Podemos reduzir as concentrações de gases? Claro que sim. Mas há dois aspectos que precisam ser alcançados: o tecnológico e o político. Este último é o mais difícil - diz Huq.

Schaeffer lembra que os custos de não fazer nada serão muito mais elevados. O Relatório Stern apresentado no ano passado estima que o aquecimento global trará perdas de 5% a 20% do PIB mundial se não for combatido. O IPCC sugeriu ontem a busca de eficiência energética, o uso de energia nuclear e de energias renováveis, como solar e eólica. Recomendou ainda biocombustíveis.

- Os programas de etanol e de carros menos potentes e mais econômicos do Brasil são exemplos das ações que já deram certo citadas pelo IPCC - diz Schaeffer.

O relatório destacou que as pessoas precisarão pensar em responsabilidades individuais, com mudanças de hábitos de consumo.
- Mas cabe aos governos tornar essas ações possíveis.
Não adiante pedir às pessoas para andarem de ônibus, por exemplo, se o transporte coletivo não é bom - afirma Schaeffer.

O Globo, 05/05/2007, Ciência, p. 39

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