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Ontem, quinta-feira 15 de setembro, após tentativas infrutíferas

CCPY-Comissão Pró-Yanomami-Boa Vista-RR
15 de Set de 2005

de diálogo com representantes da Fundação Nacional de Saúde
(FUNASA) de Roraima, um grupo de 25 Conselheiros Yanomami acabou
bloqueando saídas e entradas da sede da instituição em Boa Vista
(RR) durante cerca de duas horas. O ato de protesto se deu após o
início da reunião extraordinária do Conselho Distrital de Saúde
Yanomami, onde seriam discutidas as graves insuficiências que vêm
afetando a qualidade do atendimento em saúde na Terra Indígena
Yanomami. Diante da falta de explicações dos representantes da
instituição, os líderes Yanomami, pintados de preto, cor de
guerra, resolveram cercar a Funasa e aguardar pelo retorno de
Brasília do seu Coordenador-geral, Ramiro Teixeira, prevista para
hoje (16 de setembro).

Segundo Davi Kopenawa, Presidente da Hutukara Associação Yanomami,
que participou do ato, essa foi a única forma encontrada pelos
Yanomami para que suas reivindicações quanto à assistência em
saúde as suas comunidades fossem ouvidas pela FUNASA : "Nós,
Yanomami, queremos falar diretamente ao Ministro da Saúde, ao
Presidente da Funasa. Nós nos zangamos porque os funcionários que
trabalham em Boa Vista não sabem resolver nada. Queremos falar com
autoridade, com peixe grande, para resolver nossos problemas, com
Ramiro Teixeira e o doutor Paulo Lustosa, Presidente da Funasa.
São eles que vão resolver, que vão falar para nós e explicar por
que a Funasa está enrolando, por que a Funasa está enganando, por
que a Funasa não libera dinheiro para continuar o trabalho de
saúde, por que não envia remédio, por que não manda alimento para
os funcionários".

Davi elencou as principais preocupações que os conselheiros
yanomami teriam tentado discutir em vão com os representantes
locais da FUNASA: "Na área Yanomami está faltando remédio, sempre
pedimos mas mandam muito pouco. Faltam materiais, agulhas,
seringas pequenas e grandes, estetoscópio, termômetro. Eles também
não manda alimento para os funcionários. Também voltaram as
doenças, a malária voltou a crescer no Padauiri, Marari, Marauiá e
Ajuricaba, por isso ficamos preocupados. A malária também está
aumentando lá no Alto Mucajaí, no Parawau, que tem uns 30 casos.
Estão voltando com força as doenças que os garimpeiros deixaram em
nossa floresta, tuberculose também aumentou, diarréia e doenças
venéreas".

O Presidente da Hutukara afirma que apesar dos Yanomami terem
insistido em obter respostas diretas sobre a constante degradação
do sistema de atendimento durante todas as reuniões do Conselho do
Distrito Sanitário Yanomami desde o começo do ano, não ouviram
nada além de evasivas. "Eles diziam que não sabiam, que não sabiam
explicar, que não era com eles, que eles não podiam resolver os
problemas, somente os chefes deles poderiam resolver. Eles diziam
que somente os chefes têm autonomia, têm dinheiro na mão, que eles
não podiam falar porque ficariam com o 'rabo preso'. Por isso,
decidimos pedir diretos para os chefes deles", declarou o
Presidente da Hutukara, Davi Kopenawa.

Na reunião do Conselho Distrital aberta ontem continuaram as
manobras dilatórias a fim de contornar a manifestação de protesto
dos Conselheiros Yanomami, suscitando sua crescente impaciência.
Além disso, segundo Davi Kopenawa, a organização da reunião ficou
enviesada, não tendo o grau de representatividade esperado: "A
FUNASA não preparou bem a reunião. Eles não chamaram o Conselho
Indígena de Roraima (CIR), não chamaram a Funai, não chamaram a
Polícia Federal, não chamaram ninguém de fora para ajudar a
esclarecer os problemas de saúde".

Os Conselheiros Yanomami voltarão à sede da FUNASA hoje,
sexta-feira, dia 16 de setembro, a fim de cobrar respostas diretas
do seu Coordenador Regional Ramiro Teixeira e a resolução imediata
dos problemas do atendimento em saúde na Terra Indígena Yanomami.

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