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ONS descarta racionamento imediato, mas diz que pode 'propor medidas' em novembro

O Globo, Economia, p. 23
30 de Abr de 2014

ONS descarta racionamento imediato, mas diz que pode 'propor medidas' em novembro
Operador garante que no momento não há necessidade de reduzir o consumo

Ramona Ordoñez
Mônica Tavares
Lino Rodrigues

RIO, BRASÍLIA E SÃO PAULO - O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou ontem em nota que poderá propor "medidas adicionais" às autoridades do setor para garantir o fornecimento de energia elétrica no país, se no período de maio a novembro as condições hidrológicas se agravarem, ou seja, se chover menos do que o esperado. Segundo especialistas, uma das possíveis medidas seria a redução no consumo caso o cenário mais negativo se confirme. O ONS negou, no entanto, que esteja sugerindo ao governo cortes de energia agora, afirmando que a situação atual dos reservatórios não indica a necessidade de cortes de energia.
"Caso ocorra um agravamento das condições hidrológicas no período de maio a novembro, diferentemente do que é atualmente esperado, o ONS poderá propor medidas adicionais às autoridades setoriais, de forma que fique garantido o fornecimento de energia elétrica para a sociedade", diz a nota.
Em abril termina o período de chuva, e os reservatórios de hidrelétricas estão em níveis próximos aos de 2001, quando houve racionamento. Anteontem, o nível dos reservatórios das Regiões Sudeste e Centro-oeste estava em 38,6%, e no Nordeste, em 43,6%, um patamar bem baixo, considerando que em maio se inicia o período seco.
No início do ano, autoridades do governo afirmaram que era preciso aguardar o fim do período de chuvas (abril) para se tomar alguma decisão quanto ao suprimento energético. Em fevereiro, o ONS informava que os reservatórios deveriam estar em 43% em fins de abril para atender o consumo no período de seca.
O ONS é o órgão técnico responsável pela coordenação e controle da operação e transmissão de energia elétrica que fazem parte no Sistema Interligado Nacional (SIN). O órgão pode propor eventuais cortes de energia ao governo, que a partir daí decide se segue ou não a recomendação.
'Petrobras é carta na manga'
Diante do quadro de incerteza no setor, todas as atenções se voltam para o leilão de energia marcado para hoje, em São Paulo. Analistas do setor apostam que a Petrobras deve entrar no leilão como ofertante de energia. Além da Petrobras, somente Eletronorte e Furnas deverão ter maiores sobras de energia para ofertar.
- A Petrobras é a carta na manga que o governo tem. E é um excelente negócio vender a energia ao preço fixado no leilão até 2019 - disse José Ricardo Oliveira, sócio de consultoria do Centro de Energia e Recursos Naturais de EY.
O presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage), Flávio Neiva, disse que há comentários no mercado de que a Petrobras teria até 1,6 mil MW de térmicas (movidas a gás natural ou óleo diesel) disponível para ofertar no leilão.
Entre as distribuidoras, a preocupação não é menor. As empresas, que precisam contratar energia para escapar dos preços altos do mercado à vista têm dúvida se as geradoras irão ao leilão.
- Nós estaremos lá para comprar - disse o executivo de uma distribuidora.
O secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Marcio Zimmerman, acredita que as distribuidoras poderão contratar entre 50% e 60% do volume de energia no leilão de hoje. A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), segundo ele, faz uma conta na qual normalmente as empresas contratam 40%, misturando energia nova e velha.
- Seria um ótimo resultado porque diminui a exposição das distribuidoras, que é o principal objetivo desse leilão - disse.
Mikio Kawai Júnior, diretor da Safira Energia, avalia que as distribuidoras só conseguirão contratar metade da energia que tem descoberta hoje, em torno de 3.200 megawatts (MW) a 3.500 MW. Os analistas destacaram a necessidade de o governo adotar uma campanha de racionalização do consumo. Para Kawai, se as chuvas no período seco forem inferiores a 60% da média histórica, aumentará o risco de racionamento no fim do ano.

O Globo, 30/04/2014, Economia, p. 23

http://oglobo.globo.com/economia/ons-descarta-racionamento-imediato-mas…

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