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ONG americana cobra velocidade no caso Dorothy

O Globo, O País, p. 9
09 de Jun de 2006

ONG americana cobra velocidade no caso Dorothy

José Meírelles Passos
Correspondente

A possibilidade de Regivaldo Pereira Galvão, acusado como um dos mandantes do assassinato da freira americana Dorothy Stang, no Pará, vir a obter um habeas-corpus para aguardar o seu julgamento em liberdade preocupa os ativistas do Robert F. Kennedy Memorial Center for Human Rights, ONG (organização não-governamental) que vem apoiando a família Stang. Dorothy Stang completaria 75 anos na quarta-feira passada.
- Se Regivaldo for liberado, sabemos que ele vai desaparecer e jamais aparecerá para o seu julgamento. Também estamos preocupados com a possibilidade de ele vir a intimidar ou matar as testemunhas de acusação - disse Emily S. Goldman, uma das dirigentes da ONG.
Ela enviou, em nome da instituição, uma carta ao ministro Cezar Peluso, juiz relator do Supremo Tribunal Federal, pedindo presteza no julgamento do recurso especial e do recurso extraordinário de Regivaldo Pereira Galvão, para que ele possa ser levado prontamente a julgamento por sua participação no assassinato de irmã Dorothy.
"O senhor está numa posição única para ajudar ativamente a Justiça brasileira e tomar uma decisão histórica contra a impunidade negando o habeas-corpus a Regivaldo Galvão", diz ainda o documento. Uma segunda carta foi dirigida ao secretário especial dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, basicamente nos mesmos termos.
Nesta, o RFK Center for Human Rights acrescentou um apelo em tom desesperado: "O senhor está numa posição para ajudar agora e rogar que o ministro Peluso não libere Regivaldo. Esperamos com impaciência as suas novidades", diz a carta.
"Possibilidade dea impunidade reinar"
Em ambas as cartas a ONG lembra que o julgamento, em dezembro passado, dos dois pistoleiros contratados para o crime foi uma demonstração positiva do sistema judiciário no Pará. Ambos foram punidos severamente, assim como, posteriormente, um intermediário entre os mandantes e os assassinos, num julgamento em abril passado:
- Agora nos preocupamos muito com o que parece ser uma possibilidade da justiça estancar e a impunidade reinar. O ministro Peluso deve decidir, a qualquer momento, sobre o habeas-corpus solicitado por Regivaldo. Ele, sem dúvida, poderia sair do Brasil ou desaparecer internamente. E tem um imenso poder econômico e político para intimidar, ameaçar e lesionar fisicamente ou assassinar testemunhas - disse Emily Goldman.

O Globo, 09/06/2006, O País, p. 9

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