Agência Brasil
Autor: Ana Luiza Zenker
16 de Mai de 2008
Brasília - Desde janeiro a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) não está repassando verbas relativas a um convênio de prestação de atendimento à saúde indígena a organizações do Mato Grosso. É o que afirma a organização não-governamental Operação da Amazônia Ativa (Opan).
A ONG atende as etnias Myky, Irantxe e Enawene, duas no município de Brasnorte e uma em Juína. De acordo com o auxiliar de enfermagem da Opan Jair Aparecido de Sá são cerca de 900 indígenas que recebem assistência básica, que inclui vacinação, pré-natal, acompanhamento do peso das crianças, entre outras ações.
"E isso demanda, dentro do município, aluguel de casa, que é o escritório, alimentação para os pacientes, quando vêm, manutenção dos veículos, e tudo isso hoje está cortado dentro da cidade por falta de pagamento, essa é a nossa situação hoje", afirmou Jair à Agência Brasil.
Ele diz que são duas as principais preocupações. Uma é que os serviços tenham que ser completamente suspensos. Por enquanto, o atendimento em Brasnorte continua, mas já foi suspenso nas aldeias. "Nós moramos em uma região que é endêmica de malária, hanseníase, tuberculose, leishmaniose, então a qualquer momento pode haver um surto, e não ter ninguém para dar suporte, então o agravante mesmo é o risco de começar a morrerem pessoas por falta de atendimento na área", disse.
A segunda ameaça é de que os profissionais que prestam o atendimento se desliguem da organização, pois não estão recebendo seus salários há três meses. De acordo com Jair, o pessoal que trabalha atualmente no atendimento nas aldeias "já está capacitado para trabalhar com a saúde indígena; quem trabalha com o povo Enawene, por exemplo, tem que falar a língua Enawene, eles não falam português".
Em nota, a Funasa afirmou que desde julho de 2004, quando o convênio foi firmado, já foram repassadas 15 parcelas do valor total, e a última foi repassada no dia 28 de março, no valor de R$ 88.327,67. A 16ª parcela só será liberada depois que forem resolvidas as pendências referentes à prestação de contas anterior.
A coordenadora da Opan, Cleacir Alencar Sá, no entanto, garante que duas parcelas estão atrasadas desde janeiro, somando cerca de R$ 800 mil. Além disso ela afirma que a ONG nunca teve nenhum problema na prestação de contas e que está em dia com todos os serviços. "Mesmo se fosse prestação de contas, já tem mais de três meses, daria tempo de ter resolvido, né? Isso para mim é falta de vontade política e falta de interesse", disse.
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