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Onda de lama da Vale já percorreu 147 quilômetros em direção ao Rio São Francisco

O Globo - http://oglobo.globo.com/
Autor: Patrik Camporez
21 de Fev de 2019

Onda de lama da Vale já percorreu 147 quilômetros em direção ao Rio São Francisco
21/02/2019 - 15:55

Patrik Camporez

Em audiência na Câmara, ministro disse que possibilidade de contaminação 'é uma preocupação muito grande'

BRASÍLIA - A onda de lama de rejeitos da barragem da Vale que rompeu em Brumadinho (MG) percorreu até agora 147 quilômetros do leito do Paraopeba em direção ao Rio São Francisco, segundo relatório divulgado nesta quinta-feira pela Agência Nacional de Águas (ANA). A preocupação do Ministério do Desenvolvimento Regional é que as chuvas acelerem a chegada da pluma de lama à represa de Retiro Baixo e que os rejeitos contaminem o São Francisco, que fica a mais 153 quilômetros de distância.

Em audiência na Câmara dos Deputados na manhã desta quinta-feira, o ministro Gustavo Canuto disse a parlamentares que "é uma preocupação muito grande a possibilidade de contaminação do São Francisco". No entanto, para minimizar essa possibilidade, Canuto afirmou que os operadores da represa de Retiro Baixo foram orientados a esvaziar o reservatório para que a lama seja contida assim que chegar à represa.

- O reservatório é grande. Quando a pluma chegar, será reduzida sua concentração. Claro que cada vez que chove a situação complica e essas estimativas ficam mais difíceis. A nossa preocupação é com as chuvas, mas ações estão sendo empreendidas para segurar essa pluma de rejeitos. Até chegar em Retiro Baixo, ainda tem muito o que a pluma andar. A pluma está se sedimentando ao longo do canal.

O ministro explicou que, mesmo com a barragem tecnicamente fechada para impedir a passagem da lama, o operador é obrigado por lei a deixar uma abertura de 28 metros cúbicos de água (por segundo), vazão que o ministro chama de "um fio d´água".

- A gente não pode simplesmente barrar a água, porque é um rio a jusante e existe uma vazão ambiental necessária mínima que precisa ser respeitada para você não comprometer todos os cidadãos e comunidades abaixo. Foi acordado deixar o reservatório com sua cota mínima. Quando a pluma chegar, a gente faz com que a vazão de Retiro Baixo seja ambiental, que é a menor possível, um fio d'água, que é o que a norma ambiental exige, para que aquele reservatório vá enchendo lentamente, de forma vagarosa para que esse sedimento fique lá e não siga sem caminho para Três Marias.

O ministro diz que a prioridade é evitar "a todo custo" que a pluma de lama caminhe e chegue a Três Marias. No entanto, caso a lama passe, o ministro acredita que será retida pela segunda barragem e não chegará ao São Francisco.

- Pelo volume de Três Marias, o que chegar de lama, se chegar, vai ser diluído e não atravessará a barragem para o Rio São Francisco.

Mas o ministro ressalta, no entanto, que esta é apenas uma estimativa.

- Ressalvo que depende do regime de chuvas, do quanto a barragem de Retiro Baixo vai ser eficaz. É uma preocupação diária da ANA com a contaminação do São Francisco, porque o São Francisco é importantíssimo para o Nordeste e toda a região.

O governo também pode alterar a operação da usina hidrelétrica de Três Marias, que fica logo depois de Retiro Baixo, para garantir que os rejeitos da barragem da Vale não cheguem ao Rio São Francisco.

- Caso chegue a Três Marias e a diluição dos rejeitos não seja, como a gente espera, muito reduzida, a operação de Três Marias pode sim ser alterada para garantir que o rejeito não chegue ao rio São Francisco -, disse o ministro.

Canuto participou nesta quinta-feira da reunião da comissão externa da Câmara dos Deputados de monitoramento do desastre. A barragem de rejeito de minérios se rompeu no fim de janeiro deixando um mar de lama e destruição na cidade mineira. Até a última quarta-feira (20), foram confirmadas 171 mortes; 141 pessoas estão desaparecidas.

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