VOLTAR

Oleo de fritura do Carrefour vai ajudar pesquisas de biodiesel

OESP, Geral, p.A12
08 de Jun de 2004

Óleo de fritura do Carrefour vai ajudar pesquisas de biodiesel Resíduos das cozinhas da rede serão doados para laboratório da USP
Herton Escobar
O óleo de fritura usado em uma das maiores redes de supermercados do Estado vai virar combustível nos laboratórios da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto. O convênio, firmado entre o Carrefour e o Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Limpas (Ladetel), prevê a doação de 6 mil a 7 mil litros do resíduo por mês para produção de biodiesel. É mais um entre vários projetos para impulsionar o desenvolvimento do "combustível vegetal" no País.
Pelo menos três projetos de lei tramitam atualmente no Congresso visando à incorporação do biodiesel à matriz energética brasileira. A proposta é que ele seja gradativamente misturado ao diesel de petróleo - assim como o álcool é misturado à gasolina -, em faixas de 5% a 15%. A maior expectativa do setor, entretanto, recai sobre o Executivo, que estaria comprometido a adicionar 2% de biodiesel ao mercado nacional de diesel já a partir de novembro, por meio de uma portaria.
É o que espera o coordenador do Ladetel e do Projeto Biodiesel Brasil, Miguel Dabdoub. Segundo ele, a medida criaria uma demanda de 800 milhões de litros de biodiesel, ou 2% dos 40 bilhões de litros de diesel consumidos anualmente no Brasil. Ainda em estágio piloto, a produção nacional do combustível vegetal dificilmente poderá suprir essa cota de imediato. Uma vez criada a demanda, entretanto, será apenas uma questão de tempo para que a oferta alcance o patamar desejado, acredita Dabdoub. "Não é fácil fazer investimentos sem a certeza de que haverá um mercado garantido", diz o pesquisador, que também preside a Câmara Setorial de Biocombustíveis do governo do Estado de São Paulo.
Alguns empreendimentos já estão surgindo em estágio mais avançado, incluindo uma usina de biodiesel em Charqueada, na região de Piracicaba (SP), com capacidade para produção de 100 milhões de litros/ano, e outros projetos na Bahia, Pará e Paraná, segundo Dabdoub.
O biodiesel é equivalente ao diesel de petróleo, só que produzido a partir de óleos vegetais, como soja, girassol e mamona, que podem ser aproveitados virgens ou usados. Além de renovável, produz menos poluentes do que o diesel "fóssil". Em uma mistura de 5%, a redução nas emissões é de 7% de dióxido de carbono, 17% de gases de enxofre e 13%, de material particulado, diz Dabdoub.
A parceria com o Carrefour faz parte do projeto Cata Óleo, que integra a iniciativa paulista e já recebe 200 mil litros por mês de biodiesel da rede McDonald's e de refeitórios da USP e da Universidade Estadual Paulista (Unesp) espalhados pelo Estado. O material é purificado, transformado e aproveitado em experimentos do Projeto Biodiesel Brasil, que envolve 6 universidades e 19 empresas. "A grande vantagem do reaproveitamento é a viabilidade econômica", diz Dabdoub. "Mesmo com os custos de purificação e coleta, fica muito mais barato do que usar o óleo virgem."

OESP, 08/06/2004, p.A12

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.