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Odebrecht e BID apóiam Sul da Bahia

OESP, Economia, p. B16
22 de Nov de 2006

Odebrecht e BID apóiam Sul da Bahia
Programas para a região terão recursos de US$ 2,2 milhões

Andrea Vialli

A região do chamado Baixo Sul da Bahia, que compreende 11 municípios como Valença e Nilo Peçanha, já teve ciclos de desenvolvimento com o cacau e a pesca, mas hoje vive o dilema de preservar suas riquezas naturais e ao mesmo tempo desenvolver a economia. A região possui cinco grandes áreas de preservação ambiental permanente, com remanescentes de Mata Atlântica, e municípios com IDH abaixo da média nacional.

Agora, a região será beneficiada com um convênio firmado na semana passada entre a Fundação Odebrecht, braço social da construtora, e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

O acordo prevê um aporte de US$ 2,2 milhões em projetos desenvolvidos no local. Desde 2003, a Fundação Odebrecht, em parceria com ONGs e governo, coordena um programa para estimular o desenvolvimento sustentável da economia da região, a partir das cadeias produtivas da mandioca, do palmito pupunha, da piaçava e da aqüicultura (criação de pescado e ostras) de modo integrado à natureza.

Essas culturas já eram praticadas na região, mas com pouco investimento e baixa produtividade. Os investimentos da Fundação Odebrecht - que tem um orçamento anual da ordem de R$ 13 milhões e 85% dos recursos voltados aos projetos no Baixo Sul baiano - permitiram organizar os produtores em quatro cooperativas. 'Identificamos a vocação econômica da região, mas ainda há lacunas a serem trabalhadas. Uma delas é garantir canais eficientes para vender os produtos', explica Marta Castro, coordenadora de relações institucionais da Fundação Odebrecht.

A estruturação da cadeia produtiva da mandioca, por exemplo, permitiu aos produtores aumentar sua produtividade, a partir de uma parceria com a Embrapa.

Organizados em cooperativas, eles podem beneficiar o produto em duas fábricas e produzir farinha e farelo de folha. A renda média dos agricultores saltou de R$ 200 para R$ 600 mensais.

Os artigos produzidos nas cooperativas, como farinha de mandioca, filés de tilápia, palmito e artesanato de piaçava são vendidos na região e em lojas dos supermercados Bompreço, da rede americana Wal-Mart.

No entanto, o preço de alguns produtos, como a farinha de mandioca, acaba ficando mais caro para o consumidor, o que tem feito a cooperativa produtora, a Coopatan, perder em vendas. 'Nossa farinha concorre com um sem-número de produtos semelhantes da região, feitos, muitas vezes, em condições precárias de higiene e envolvendo trabalho infantil', explica Marcelo Walter, diretor executivo do Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Baixo Sul (Ides), ONG que atua na região.

COMÉRCIO JUSTO

O aporte de US$ 2,2 milhões que virá a partir da parceria com o BID (sendo metade de um fundo multilateral de investimento ligado ao banco e metade da própria Fundação Odebrecht) deve ajudar o programa a buscar novas alternativas de venda, com a certificação de comércio justo dos produtos.

O selo é emitido por uma organização internacional, a FairTrade Labelling Organization (FLO) e garante que o produto em questão tem uma procedência 'socialmente responsável', com remuneração justa ao pequeno produtor e respeito ao meio ambiente, entre outros itens.

Com o selo, as cooperativas pretendem conquistar os mercados das grandes capitais brasileiras e também começar a exportar. 'A consultoria PriceWaterhouseCoopers está auxiliando as cooperativas a obterem a certificação de comércio justo, o que deve alavancar as vendas', explica Walter. A Fundação Getúlio Vargas também está em negociações com a Fundação Odebrecht para prestar assessoria em varejo para as cooperativas do Baixo Sul baiano.

Além de apoiar as cadeias produtivas do Baixo Sul, o BID quer ampliar o projeto para outras regiões do País, que possuam necessidade de desenvolver suas economias. O Fundo Multilateral de Investimento ligado ao banco tem aportado recursos em projetos ligados a responsabilidade social.

OESP, 22/11/2006, Economia, p. B16

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