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Autor: Sebastião Alves
15 de Abr de 2011
Há milênios, o ser humano observa o céu. Atualmente, astrônomos se dedicam a pesquisar o que os povos antigos construíram e escreveram a respeito dessas observações. Na Amazônia, as sociedades extintas pelo homem branco deixaram e as existentes possuem esses registros que, até hoje, surpreendem pelo grau de conhecimento sobre a relação entre o homem e a natureza.
O pesquisador Germano Bruno Afonso, do Museu da Amazônia (Musa), acredita que a astronomia teve papel fundamental na organização do tempo e do espaço dos povos indígenas por várias centenas de anos. Recentemente, propôs um projeto intitulado 'Etnoastronomia dos povos indígenas do Amazonas', que desde 2010 desenvolve pesquisas junto às etnias Dessana, Baniwa, Tikuna, Baré e Tukano.
Identidade Cultural
De acordo com as pesquisas em andamento, a maioria das etnias indígenas estudadas considera que a Terra nada mais é do que um reflexo do céu. Por isso, é atribuída a observação do Sol, da Lua e das constelações como o início a para construção de seus calendários, regulando o cotidiano, os rituais, os mitos e até os códigos morais da comunidade. "O conhecimento astronômico indígena é importante como um processo de construção da identidade cultural", declarou o pesquisador.
Contexto cosmológico indígena comparável ao dos povos da Antiguidade
Para Afonso, os indígenas e outros povos da antiguidade relacionavam as constelações que surgiam ou desapareciam no horizonte como eventos meteorológicos que aconteciam na Terra ao longo do ano, como períodos de enchentes ou de vazantes dos rios e de calor ou de frio. Por conta disso, associavam esses eventos com a época de plantio, de colheita, de caça, de pesca, de rituais, dentre outros.
A principal diferença, relatou o pesquisador, é que as constelações indígenas mais relevantes localizam-se na Via-Láctea, cuja concentração das estrelas fica localizada no cinturão da galáxia, enquanto que as dos povos da antiguidade concentravam no Zodíaco, faixa do céu onde se encontram o Sol, a Lua e os planetas.
União entre conhecimento científico e tradicional
A pesquisa, prevista para terminar em 2013, fornecerá subsídios para unir o conhecimento científico ocidental com o conhecimento tradicional. Afonso salienta que o conhecimento tradicional da astronomia indígena do Amazonas, depois de validado e publicado, contribuirá para a melhoria do Ensino de Ciências e da sustentabilidade das populações tradicionais que estão envolvidas com a atividade agrícola e pesqueira.
A pesquisa tem financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa RH Interinstitucional.
Sobre o RH Interinstitucional da FAPEAM
O Programa de Apoio à Formação de Recursos Humanos Pós-Graduados do Amazonas (RH-Interinstitucional) consiste em apoiar, com bolsa de curta duração, alunos de mestrado e doutorado formalmente matriculados em curso de pós-graduação fora de sede, ofertados em Manaus e credenciados pela Capes, para desenvolvimento de atividades acadêmicas na instituição parceira.
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